sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Rio de Janeiro: cidade do medo

Essa semana, estamos acompanhando uma guerra. Mais sangrenta e potente que as guerras que estão em curso. Uma guerra urbana, liderada pelo crime, que de tão eficiente, é chamado de organizado.
Desde o último domingo, na cidade que já recebeu o título de maravilhosa, de tão linda que é, carros e ônibus ardem em chamas. Há tiros por todos os lados, nos morros e no asfalto.
Parece filme de ação. Vemos bombas e explosivos encontrados em diversas partes da cidade. Além disso, são confirmados planos diabólicos de destruição em massa. As pessoas permanecem em suas casas. Reféns do crime.
A polícia é reforçada a cada hora. Pela primeira vez, vimos carros da Marinha e do Exército Brasileiro e não era desfile de 7 de setembro.
Mas, o que está havendo?
Estamos vendo o reflexo do caos causado por décadas de abandono. É a consumação da violência que teve início ainda na Bella Époque, quando junto com o processo de modernização da cidade do Rio de Janeiro, os pobres foram expulsos do centro e jogados no morro. Com isso, veio a favelização.
Houve sinais, de que não estava tudo bem, desde então. Alguém já ouviu falar em Revolta da Vacina?
Mas, como sempre acontece. Foi dado um jeitinho brasileiro. A falta de planejamento, de infra-estrutura, de educação, etc. continuou a se instalar nesses locais. Aí veio a ditadura, houve uma aparente tranquilidade. Depois, a redemocratização e com ela o surgimento de facções criminosas.
O resto da história, todos sabemos: descaso, violência, crime, drogas, tráfico e poder. As autoridades, sempre com medidas paliativas, que não contemplavam mais as reais necessidades das pessoas e muito menos combatiam as raízes do problema.
"Há um culpado?" Deve se perguntar o leitor. Todos somos. Somos culpados por nos omitir e por fingir por anos que o problema não era conosco. Somos co-participes dessa enorme tragédia que a cada dia tem desdobramentos terríveis.
O Rio de Janeiro, ao contrário do que muitos pensam, não é reduto dos cariocas. O Rio de Janeiro é parte do Brasil. É o nosso cartão-postal. Portanto, temos muito mais haver com isso, do que supõe a nossa vã ignorância.
Devemos cobrar agora e sempre das autoridades não apenas segurança para cariocas e fluminenses, mas, saúde digna, educação de qualidade, saneamento básico, transporte público decente e assim por diante. A partir dessas medidas, o Rio voltará a ter a alegria bossa novista que encanta o mundo inteiro.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mais uma da injustiça paulista:

Escrevo para expressar a minha indignação com o modo como foi conduzido o caso de agressão de jovens da alta classe média paulista, no domingo, na avenida Paulista. Mais uma vez, vemos a mesma história se repetir. Mais uma vez, o crime dos burgueses é encarado como travessura juvenil, com consequente inconsequencia.
O caso de domingo, além de vergonhoso, retrata a nossa sociedade imoral e hipócrita, que tudo aceita e desculpa, quando quem comete os delitos tem origem social "nobre". Fosse um pobre e a coisa mudaria de figura.
Rapazes de 16 a 19 anos, de boas escolas particulares paulistanas podem sair por aí agredindo outros rapazes, no inicio da manhã da farra, com a justificativa de homofobia, que a injustiça aceita. Para as mães, é perfeitamente normal os filhos estarem a essa hora na rua, após uma noitada, que tudo bem!
Fico com pena dessa gente que cria monstros pra sociedade. São mães e pais que voltam-se contra os professores, que reclamam de seu mau comportamento nas escolas. São genitores, que apenas provém de bens as pessoas que trouxeram ao mundo.
Não se preocupam em educá-los para a vida e a ensiná-los que liberdade não é libertinagem, que respeito é a regra básica da convivência social. Ignoram o fato que ao fecharem os olhos para os erros dos filhos, são cúmplices de crimes bárbaros como esses.
Esses mesmos pais, que defendem e protegem os filhos agressores, em detrimento dos filhos (dos outros) vítimas, podem ser os mesmos, que estarão nas notícias dos jornais como assassinados por seus rebentos.
Limites são um mal necessário para se formar um homem de bem. Isso é uma grande verdade acompanhada de uma grande responsabilidade.