domingo, 22 de novembro de 2009

Considerações a respeito da IV Conferência de Educação da APEOESP:

Entre os dias 17 e 19 de novembro, realizou-se na cidade de Serra Negra, a IV Conferência de Educação da APEOESP, cujo tema foi:"Educação de qualidade garante o desenvolvimento sustentável". O evento homenageou a professora Jane Beauchamp, que foi dirigente da instituição nos anos 70 e faleceu recentemente.
O objetivo do encontro foi promover um grande debate sobre a conjuntura educacional, bem como discutir sobre questões polemicas em torno da educação. Como se sabe, o setor vive uma crise de valores e de identidade. Após a implementação do projeto neoliberal no estado de São Paulo, o magistério público vem sofrendo diversos ataques por parte das autoridades que o gerem.
A própria APEOESP tem sua parcela de culpa com relação ao que vem ocorrendo, a medida que as raizes desses problemas surgem no governo federal e não são combatidas, devido ao envolvimento da direção majoritária do sindicato com o PT e a CUT, que nos últimos anos, tem esquecido suas origens e se unido aos patrões, aliando-se aos interesses do capital, em detrimento dos trabalhadores que representa.
Sendo assim, o primeiro dia de trabalho foi aberto em torno de discussões em torno do uso de dinheiro do Pré-Sal na Educação. Curiosamente, para debater a questão, compunham a mesa os senhores Wanderley Antunes Bezerra - gerente de comunicação da área de gás e energia da Petrobrás; Ricardo Latgé M. de Azevedo - geólogo e pesquisador; Prof. João Felício - secretário de Relações Internacionais da CUT. Américo Gomes - CONLUTAS e Prof. Ildo Sauer - Inst. de Energia da USP (Intersindical).
Como se vê, a própria composição da mesa em si, já trouxe diversos elementos polêmicos e divergentes, política e ideológicamente. O desenrolar dessa atividade se deu em concordâncias obvias e surpreendentemente, na defesa do representante da Petrobrás, com relação ao não-uso total dos recursos da Pré-Sal na Educação. Em outras palavras, grande parte dos debatedores é favorável ao uso neoliberal dos recursos da riqueza nacional em detrimento de sua aplicação junto às nessecidades do povo. A própria CUT defendeu que tal idéia se mostra utópica. A realidade está em investir isso tudo na bolsa de valores (ironia minha!).
A segunda mesa também divergiu sobre a aplicação de recursos educacionais. Seu tema: "O financiamento da educação na perspectiva do custo-aluno-qualidade e as políticas de formação e valorização dos profissionais de educação", cujos debatedores foram os senhores: Profª Maria Isabel Noronha - presidenta da APEOESP e membro da CNTE; Profº João Felício - dep. estadual do PT-SP; Profº Valério Arcary - CEFET-SP e PSTU; Profª Juçara D. Vieira - Vice Presidente da IE; Profº Luis Araújo - Assessor do Senado Federal e Profº César Callegari - presidente da Câmara de Educação Básica do FUNDEB.
Novamente, uma mesa polêmica e contraditória, pois seus debatedores preocuparam-se em defender as ideias do governo federal, em detrimento dos beneficios aos profissionais da Educação. Ficou claro desde o primeiro instante que o sindicato dos professores está ao lado dos interesses próprios de sua cupula e em defesa do governo federal. Somente os Professores Valério e Juçara tiveram coragem de discordar e questionar essa realidade conflitante.
O segundo dia de trabalhos foi composto de grupos que se reuniram em torno de questões diversas para aprofundamento. Reunidos em diversos salões espalhados pelos hotéis da cidade, professores se reuniram a acadêmicos. Esse momento da conferência foi menos político e mais enriquecedor, pois aproximou os professores da rede estadual ao conhecimento produzido nas universidades por grandes especialistas.
Estive presente ao grupo 4 cujo tema foi "Formação e valorização dos profissionais da Educação". Na composição da mesa, estiveram presentes as professoras Maria Isabel de Almeida - USP; Nereide Saviane - PUC-SP; Débora Goulart - UNESP.
Cada uma, a seu modo, falou sobre a necessidade de reflexão dos profissionais da Educação a respeito das novas políticas públicas que ferem o Estatuto do Magistério, a LDB e a própria Constituição Federal que são desrespeitadas cotidianamente pelos governos de S. Paulo, que tentam massificar a categoria dos professores, dividindo-a em sub-categorias, retirando seus direitos.
Essa política de desconstrução da classe dos profissionais da educação se fundamenta na dinamica capitalista que prevê uma otimização de custos, a fim de perder menos dinheiro e consequentemente, lucrar cada vez mais. Tudo isso engloba um amplo projeto que teve inicio ainda nos anos 90, quando começou-se a propagar aos quatro ventos que a educação gera despesas ao Estado. Em outras palavras, os governos encaram a Educação como perda de dinheiro. Não investem na formação do cidadão devido a interesses múltiplos que passam pelo controle dos mesmos, evidentemente.
A implantação da Nova Proposta Curricular (São Paulo Faz Escola), trouxe a tona questões delicadas, pois, além de unificar o curriculo, generaliza o ensino do estado e retira a liberdade de cátedra dos professores paulistas. Além de um desrespeito às leis anteriormente mencionadas, precariza o ensino e deixa os alunos das escolas públicas em condições inferiores de concorrência por vagas com relação aos seus colegas saídos de escolas particulares.
O que se propos nao foi o fim do curriculo estabelecido pela Secretaria da Educação, mas, sua elaboração pelos aplicadores do mesmo, que devem anexar as próprias necessidades e essas são multiplas e variadas, dependendo da comunidade em que se localizam as Unidades Escolares. O papel do professor nesse projeto é fundamental. Excluí-lo do projeto, como fez a SEE implica em precarizá-lo. A didática e a metodologia de ensino não podem nem devem eximir o docente da sua responsabilidade de preparar a sua aula.
Outro ponto delicado da discussão foi o da carga horária de trabalho docente que faz com que o mesmo passe mais tempo com os alunos e menos tempo em contato com o próprio estudo, o que gera uma mecanização do seu trabalho, fato muito preocupante. O ideal é que se reduza o tempo de atuação dos profissionais do magistério em aula e se priorize encontros de formação pedagógica, para que o mesmo possa atualizar-se e assim enriquecer a sua performance.
O que se vê hoje são profissionais desvalorizados e que encaram duas ou mais jornadas de trabalho a fim de obter um salário digno. Consequentemente, há uma perda de qualidade do ensino, o que gera inumeros problemas de saúde desses profissionais e os tais baixos indices.
No último dia de encontro, os conferencistas debateram as propostas dos grupos e votaram favoravel ou contrariamente a essas discussões, para que o sindicato pudesse ter uma posição oficial sobre os temas. Esse foi o momento mais tenso do encontro, onde as diversas correntes que compoem a Apeoesp e seus simpatizantes divergiram quanto a aprovação ou nao das propostas.
Infelizmente, muitos professores presentes ao evento, não refletiram sobre o que era defendido na plenária, levantando seus crachás mecanicamente nas votações. Os professores que defendem a direção majoritária da Apeoesp e compoem a ArtSind, por exemplo, não se deram conta que defenderam uma postura mais branda por parte da instituição no enfrentamento contra o governo. Rejeitaram, uma ação de luta forte e intensificada contra o Secretário Paulo Renato (lamentável e vergonhoso).
Não bastasse o acima exposto, foram favoráveis a implementação do Ensino Médio Inovador, projeto do governo federal a ser implementado pelo Governo Serra, que prevê a extinção da EJA, que será substituida por avaliações, retirando do aluno o direito de aprender em sala de aula e desempregando milhares de profissionais.
Enfim, foram dias de aprendizado e muita frustração com colegas que não viram que seu emprego está ameaçado já a partir do final de 2009, quando a Lei 500/74 for extinta e as portarias de admissão de temporários for extinta, dando inicio a um novo processo de contrato que deixará 2010 em uma situação de calamidade educacional. É isso.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Consciência Negra? Como assim?

Há cinco dias atrás, em um outro artigo, eu escrevia sobre o fato de aquele ser o dia da Proclamação da República e a maioria das pessoas não perceber aquele fato. Hoje, ao contrário, milhares de pessoas sabem da data e da importância dela para o nosso país.
É dia de conscientizar-se a respeito do papel valoroso que os negros e negras tiveram na construção do nosso país ou da nossa nação. Foi por eles que um ambicioso projeto de colonização deu certo. É óbvio que os meios e caminhos para implementá-lo foram dificeis e tortuosos. Seus objetivos foram alcançados graças a dor, sofrimento e muito sangue. Isso é inegável, mas é fato.
O que não se pode é esconder e deixar de refletir sobre essa nossa origem negra. Origem presente na nossa cultura, cotidiano e na vida em geral. Ser negro e ser brasileiro fazem parte de uma mesma raiz. A nossa raiz. Todos nós temos a negritude na àrvore genealógica, na cultura, nas palavras, na música, na culinária, nas vestimentas e assim por diante.
O dia de hoje reflete sobre um acontecimento triste e doloroso que aconteceu no nordeste do país, em 1695, quando um homem resistiu ao sistema politico e economico vigentes. A morte de Zumbi, fundador do Quilombo dos Palmares, não encerrou uma vida, mas abriu seu sonho de liberdade a milhares de pessoas ao longo dos séculos.
Felizmente, nos últimos anos a realidade do negro tem sido posta na sociedade em pé de igualdade nas discussões. É evidente que o preconceito ainda existe, mas, em menor escala e hoje já é possivel falar até em negros burgueses!
Muitas conquistas são evidentes, pois os negros estão em todas as partes da sociedade, da base ao topo. Seja na política, nas universidades, nas empresas, cada vez mais personalidades afro-descendentes se destacam. No esporte e na arte esse destaque está cada vez mais consolidado. É possível ver a atuação de uma mulher negra protagonizando brilhantemente uma novela das oito na Globo.
Mas, é preciso mais. Muito mais. Cada vez mais. Atualmente a academia se esforça para incluir a África na historiografia e no ensino básico. Muitos trabalhos estão sendo produzidos, de artigos a teses. Há também a obrigatoriedade do ensino de História da Africa nas escolas, embora não haja ainda cursos de capacitação para os profissionais de educação. Por isso, é preciso que se cobre tais ações e que os próprios professores se conscientizem que a História do Brasil tem muito mais haver com a História da África que com a Antiguidade Clássica.
Que o dia de hoje sirva de reflexão para todas essas questões. Viva Zumbi!!!

domingo, 15 de novembro de 2009

120 anos depois - a Proclamação da República:

Hoje é uma data comemorativa, embora milhares de brasileiros nem tenham percebido isso, porque o feriado ocorreu num domingo de sol, felizmente. Há cento e vinte anos, num dia como esse, muitos intelectuais, artistas e políticos da elite paulista e carioca, imbuídos de interesses variados, descontentes com a política de Dom Pedro II e querendo "modernizar" o país, aliados a militares que compartilhavam dessa mesma ideologia, deram um golpe, conhecido como Proclamação da República.
Na verdade, esse processo republicano não era nenhuma novidade na política internacional e vinha sendo implantado em diversas partes do mundo, pois cabia bem aos projetos capitalistas de industrialização e modernização do mundo que chegava ao fim do século XIX com avanços tecnológicos incriveis. No caso do Brasil, essas idéias chegaram às discussões das elites, há tempos, por causa do contato com a Europa que se dava pelos portos e pelos trilhos dos trens.
A República mostrava-se uma alternativa interessante, ao passo que a monarquia passava a representar o atraso pelo fato de centralizar o poder e concentrá-lo nas mãos de poucos, não abrindo espaço aos burgueses, por exemplo. Essa idéia, foi retirada da Roma Antiga, quando os romanos decidiram que a melhor forma de administrar a coisa pública era descentralizando o poder através da divisão de cargos eletivos.
Além desse exemplo histórico, viria a experiência dos Estados Unidos, que desde a sua independencia, haviam constituído uma Federação, o que lhe permitira (em tese) um desenvolvimento rápido e eficaz em todos os sentidos, de modo que em fins do século XIX aquele país já dava pistas que viria a ser a nova potencia mundial. As teses republicanas realmente tiveram um embasamento e tanto!
Porém, a República na prática, não foi esse mar de rosas. Inicialmente, a miséria e a pobreza continuaram da mesma maneira que antes da troca do sistema de governo. Depois, o poder se concentrou nas mãos das oligarquias paulista e mineira e vieram o voto de cabresto e outras irregularidades.
Nesses 120 anos, a República brasileira viu alguns golpes militares, o estabelecimento de uma ditadura, o impeachment de um presidente, algumas reeleições, e, mais recentemente, o crescimento do neoliberalismo. Na atual conjuntura, nem mesmo é possível diferenciar os partidos políticos, pois na maioria dos casos, compartilham de posturas semelhantes, embora as bandeiras que defendam sejam aparentemente distintas.
Não apenas o conceito de república foi buscado na antiguidade clássica. Outro conceito que a envolve também tem origem nela. Nesse caso, na Grécia, nesse caso, a democracia. Seu sentido aqui, refere-se a liberdade de escolha e de ação do individuo na sociedade.
Nos dois casos, esses conceitos são amplamente discutíveis, pois tem uma distorção de significado, a medida que não respeitam ou gerenciam a vontade popular. Houve a mudança de sistema de governo, mas o poder continua concentrado na mão de uma elite, que hoje é burguesa e está a serviço do capital.
Vivemos dias em que o trabalhador, que é grande parte da população desse país, é explorado cotidianamente por toda uma cadeia de relações que passa pelas chefias e principalmente pelo governo, que cobra impostos caríssimos, retira seus direitos e usa recursos do povo para bancar o prejuízo das grandes indústrias. Uma república que deixa seus cidadãos no escuro da falta de compromisso e responsabilidade.
Enfim, é um dia pra pensarmos no muito pouco que temos pra comemorar, não é mesmo?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mara Manzan - saudades!


Hoje pela manhã, faleceu a atriz Mara Manzan, que trabalhou em diversas novelas da Globo, sendo sempre sinônimo de alegria, por dar vida a personagens cômicos e marcantes. Sua estréia na TV deu-se ao lado da saudosa Nair Belo, num núcleo especialíssimo que fazia parte da inesquecível novela A Viagem, de 1994.
Sua partida breve deveu-se a complicações cancerígenas e teve como ponto de partida o grande vilão da história da humanidade: o cigarro. Que a vida da atriz seja lembrada pelas grandes alegrias proporcionadas por papéis marcantes na dramaturgia.
Que a morte sirva para comprovarmos mais uma vez o quão prejudicial é o vicio do fumo para as pessoas que não se tratam desse mal.
Enfim, que para sempre possamos lembrar desse exemplo de vida, raça e superação, pois desde o início do tratamento há dez anos, Mara Manzan nunca desistiu de lutar pela vida e de acreditar em um milagre. Foi esse o segredo de uma sobrevida tão longa e sempre sorridente.
Descanse em paz, querida!

Madona, mia!

Madona está no Brasil, e dai? Ela é uma pessoa como outra qualquer, com as mesmas fraquezas e as mesmas necessidades.
Brasileiro tem mania de paparicar e encher a bola de quem não merece. É lamentável.
Fico envergonhada ao ver imagens que retratam pessoas histéricas que só fazem aumentar o ego de alguém que sequer conhecem.
Deixem-na em paz e poupem as nossas notícias dessa falta de conteúdo!!!
Como diz o Willian Boner no twitter: quem concorda comigo diga EU!

Apagão burguês:

Antes que o leitor pense que eu defendi o governo com relação ao apagão, é preciso deixar claro que eu penso que esse problema que ocorreu deve-se a ingerência dos nossos governos, sim. Porém, é patético ver a oposição querendo cobrar explicações sobre o ocorrido, quando eles próprios deram inicio a essa situação no início dos anos 2000, quando FHC estava em pleno segundo mandato.
Em outras palavras, pra mim são todos iguais. A incompetência dos partidos que estão no poder é a mesma. PT e PSDB tem as mesmas deficiências sobre vários aspectos, embora tenham origens históricas e ideológicas distintas. É lamentável, mas a esquerda desse país se endireitou. A exceção que há nesse meio é o PSTU, que continua com a mesma bandeira desde a sua fundação.
Voltando ao assunto, o que lamento profundamente com relação à isso tudo, é o fato de os poderosos se prevalecerem do blecaute para faturar às nossas custas. Digo e repito. Penso que o blecaute pode ter sido causado por falhas das máquinas, porque toda máquina é falível.
Se isso poderia ter sido evitado, é outra história, que compete aos especialistas no assunto. Eu, como leiga que sou nessa área, não discuto nem opino. Aceito o que houve e ponto.Até os estado-unindenses sofreram com um apagão recentemente e não será a última vez que as luzes se apagarão.
Agora, o que é irritante é ver todo o alarde em cima do blecaute, como se esse fosse o único problema do país. Como se tudo se resolvesse ao xingar essa situação. Ninguém fala no adiamento do ENEM e do SARESP, que na semana passada, por incompetência da empresa responsável, não ficou pronto a tempo, deixando milhares de alunos paulistas a ver navios na hora das provas.
Além disso, a indústria reclama porque deixou de lucrar milhões. Ontem vi uma reportagem em que se dizia que a Volkswagen deixou de fabricar não sei quantos carros. Sem citar as comidas de restaurantes caros que estragaram e assim por diante.
Ninguém fala dos trabalhadores cansados, que ao voltar do trabalho, tiveram suas vidas expostas a todo tipo de perigo. Enquanto se estragavam frutos do mar caríssimos, milhares de brasileiros não tem sequer um ovo para alimentar-se. É essa face burguesa do apagão que eu gostaria de refletir.
É bem verdade que não é salutar ficar sem energia elétrica, mas, quantos séculos o homem viveu sem ela? Pelo menos 19 nessa nova era (a era cristã). Mesmo assim, foram feitas as sete maravilhas do mundo. Não faz muito tempo, o interior do Brasil não tinha energia elétrica e todos viviam, casavam, tinham filhos, trabalhavam e eram felizes.
É bom ter acesso a todos os meios técnológicos da era pós-moderna, mas, é preciso repensar essa dependência, não é mesmo?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Apagão, mais uma vez:

Quando faltava um dia pra eu completar 15 anos, a luz se apagou em boa parte do Brasil. Foi uma noite de sono gostoso, afinal o dia seguinte me reservava a data que toda a menina sonha. Era 11 de março de 1999 e o prenúncio de tempos dificeis, energéticamente falando. Depois desse primeiro blecaute, o Brasil tomou conhecimento das precárias condições em que se encontrava todo o sistema energético do país, que pra variar, enquanto crescia o consumo de bens ligados na energia, não se pensava em como ampliar essa estrutura e o colapso foi inevitável.
Os anos seguintes foram muito dificeis, porque tivemos de conviver com um racionamento de energia que acabou enfraquecendo politicamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sacrificando a todos. A seguir, vieram taxas caríssimas na conta de luz, que tornam o serviço caro e deficiente em diversas partes do país.
Ontem, novamente, a luz se foi e ainda não há explicação, pois há dez anos, era possível usar a falta de chuvas, a ditadura militar e coisas do tipo. Mas, e hoje?
Já escutei todo o tipo de explicação e nenhuma delas me convence. Os homens mais religiosos do governo (faz-me rir) disseram que foi a vontade de Deus. Como se Ele fosse responsável pelo mau gerenciamento que os homens fazem dos recursos naturais da terra.
Depois, veio como justificativa uma invasão de racker's e até mesmo outras coisas bizarras como uma retaliação de Fernandinho Beiramar e uma revolta do MST. Creio que em pouco tempo, acusarão qualquer cidadão comum pelo ocorrido, inclusive eu.
É impressionante que em tempos onde lemos nas bancas de revista que os carros movidos a energia se tornarão uma realidade, tenhamos que conviver com essa escuridão. Mas, essa escuridão é bem apropriada pra falar de Brasil.
Essa falta de luz até que ilumina, pois devido à ela, a imprensa teve conteúdo transbordante. Não se falou em outra coisa nos telejornais...
Além disso, os políticos aproveitaram pra aparecer e dar opiniões, como se fosse culpa exclusivamente de quem tem um mandato na mão e como se o passado nem existisse. PSDB cobrar explicação sobre apagão é piada... Mas, o povo não tem memória...
O fato é que isso serve pra refletirmos sobre os bilhões de dólares que são injetados no setor anualmente e que pode ter sido um defeito normal, que não deveria ter acontecido, mas aconteceu e milhares de pessoas foram afetadas e poderiam ter morrido por causa dessa falha. Que o episódio de ontem sirva para trazer soluções e não para esconder erros maiores e problemas profundos de uma sociedade que paga tantos tributos e mesmo assim não consegue ter segurança, saúde e educação dignas.

domingo, 8 de novembro de 2009

Intolerância na UNIBAN:

O que dizer da patética cena protagonizada pela aluna da UNIBAN (Universidade Bandeirante de São Paulo), no Campus São Bernardo do Campo, no último dia 22? Na ocasião, Geysi Vila Nova Arruda estava assistindo aula com seu minivestido, quando foi fotografada por colegas nesses trajes e a seguir sofreu uma humilhação pública, sendo xingada por milhares de colegas da faculdade.
Barbaridade. Esse é o primeiro termo apropriado. Ele se refere às grosserias cometidas por estudantes preconceituosos que em pleno século XXI, se preocupam com as vestimentas alheias.
São hipócritas que criticam o vestido da moça, dizendo que ele fere a moral e os bons costumes, mas, essas mesmas pessoas, muitas vezes, saem com prostitutas e travestis às escondidas. São pessoas que apontam o que consideram ser um erro da outra pessoa, para desta maneira esconder seus próprios erros.
Essa agressividade toda não combina com uma juventude que não quer ter compromissos quando o assunto é sexo. Não combina com uma sociedade individualista como essa em que a gente vive, onde mal se conhece os vizinhos de casa.
A atitude também reflete o preconceito contra a mulher. Ninguém achincalha gratuitamente um cara que exiba as partes do seu corpo em camisas abertas, por exemplo. Essas pessoas, devem provavelmente acreditar que quando um estupro acontece isso se deve ao fato de a mulher ter "provocado" o abuso. Como se ela fosse culpada pelo crime. Como se o homem fosse um animal que despertada a sua fome, tivesse esse direito.
Ontem, a UNIBAN expulsou a aluna, divulgando uma nota publicada em todos os principais jornais, para mais uma vez humilhar a aluna, colocando a opinião pública a par de um assunto que deveria ser resolvida na própria instituição. Os argumentos, obviamente são machistas e refletem o preconceito e a hipocrisia que estiveram presentes ao caso desde o início.
Fala-se que a Geysi teria um comportamento imoral há tempos. O que é moral, numa sociedade como a nossa? É vestir-se bem e roubar as pessoas, como fazem nossos representantes?
Muitos a acusaram de ser prostituta. Qual o problema? O fato de uma mulher vender seu corpo, não pode excluí-la do acesso à Educação. Na universidade em que estudei, por exemplo, havia muitas garotas de programa, porém, nunca tivemos esse tipo de problema, pois para a maioria dos estudantes, isso era problema delas e não nosso. Lembro-me que até mesmo travestis usavam o banheiro feminino e eram respeitados por nós, pois a nosso ver, quem estava conosco eram pessoas humanas, independentemente do gênero.
Que esse lamentável episódio possa nos fazer refletir a respeito de intolerâncias, preconceitos e conceitos como moral e ética. A essa altura da História da Humanidade não é mais possível conviver com os velhos paradigmas e hipocrisias do passado.
Se as pessoas querem viver a própria vida sem depender de ninguém, tem que encarar a vida das outras como algo que também não lhes diz respeito. Deixem a roupa dos outros, seus comportamentos e atitudes em paz!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O castigo de Requião:

É impressionante como a vida prega peças nas pessoas. Independentemente de condição social, credo religioso ou visão política. Basta uma fala ou escrita irrefletida e pronto!
Uma semana após a ridicula fala do governador do Paraná, Roberto Requião, em que este disse que tem homem tendo cancer de mama por causa da Parada Gay, ele sofre um acidente caindo de um palanque. O incidente demonstra, que ninguém é dono da verdade e que todo ser humano é frágil.
Que na recuperação Requião reflita sobre as besteiras que disse, pois além de demonstrar desconhecimento e preconceito, mostraram o lado arrogante de sua personalidade. É muito feio para um governador expressar todas essas características.
Melhoras, Requião!!!