Há alguns meses, tá ocorrendo em S. Paulo, uma série de discussões em torno dos ônibus fretados. Esse meio de transporte é muito utilizado por quem mora nas periferias ou nas cidades do entorno da capital, ou até mesmo do interior paulista, favorecendo a uma parcela significativa de trabalhadores.
No entanto, esse ano, um vereador da cidade, alegando que esses transportes têm atrapalhado o trânsito da capital, resolveu fazer uma lei na qual muda os critérios desse tipo de locomoção na cidade. Dessa maneira, muda a vida de milhares de pessoas.
Como sempre, um desocupado, que possivelmente não tem horário a cumprir, vem à tona para gerar polêmicas. O infeliz parlamentar, provavelmente não enfrenta trens e metrôs lotados, para chegar ao serviço antes das oito da manhã. Deve desconhecer também as causas que levam ao caos no trânsito da maior cidade do país.
O uso de ônibus fretado, além de conforto aos usuários, proporciona uma economia e tanto para o trânsito e dá uma aliviada no uso de coletivos. Cada veiculo desse porte, transporta cerca de quarenta passageiros, reduzindo consideravelmente os carros nas ruas, diminuindo a poluição.
Solucionar o caos no trânsito, esse infeliz não tenta, mas complicar a já tão complicada vida de quem mora longe e trabalha no centro, ele faz. A população deveria infernizá-lo, para que ele não ousasse procurar mais pelo em ovo.
O objetivo do blog é comentar assuntos diversos que se relacionam com o cotidiano das pessoas. Destacando-se desde assuntos mais leves, como teledramaturgia, até reflexões mais profundas, como análises da conjuntura em seus vários aspectos. Pretende-se interagir com amigos e demais visitantes, para que todos saibam o que pensa e sente uma historiadora.
terça-feira, 30 de junho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
40 anos depois...
Essa imagem é reflexo dos quarenta últimos anos de descaso com a Educação no Brasil. Período este, em que houveram várias modificações no sistema, através das novas LDB's (Leis de Diretrizes e Bases da Educação). Num primeiro momento, o Brasil, da ditadura nascente, estava na vigência da LDB de 1961, uma educação voltada para o trabalho, onde o ensino se dividia em: primário, admissão, ginasial e colegial (normal, científico e o magistério).
A educação era estendida a grande parte da população, não tendo os aspectos elitistas das duas décadas anteriores, mas, os novos alunos eram co-responsáveis por sua formação. A imagem, reflete a cobrança da família com relação ao bom desempenho do estudante, pois se entendia que era na escola que se tinha início um futuro brilhante.
A seguir, veio a nova LDB, de 1971, em que se dividia o ensino em 1º e 2º grau, com acesso amplo às escolas, sobretudo nas grandes cidades. Começava uma precarização gradativa, que objetivava tirar dos estudantes a consciência social e política dos mesmos, a fim de se evitar a união deles contra a opressão do governo militar, que reinava absoluto às custas da violência e do autoritarismo.
Coincide com esse processo, o Milagre Econômico Brasileiro, momento em que a economia aparentemente prosperava, a fim de ludibriar a maioria da população, para que essa não questionasse as atitudes do governo brasileiro, que além de comandar o país com mãos de ferro, entregava-os às mãos do capital internacional, num caminho sem volta. Era preciso uma educação que formasse trabalhadores, apenas, não intelectuais, pois estes, eram a grande pedra no sapato do governo, desde 1964, momento em que o Golpe Militar se instalou.
Por último, após a pseudo-democracia do Brasil, a Educação foi sendo desvalorizada, através da falta de infra-estrutura, dos baixos salários dos profissionais de educação, etc. Mas, era preciso dar um basta na grande vergonha nacional, que eram os altos índices de analfabetismo, em plena década de 90.
Por outro lado, a Educação não poderia avançar tanto, porque segundo a nova constituição de 1988, o voto era obrigatório. Portanto, eleitores conscientes representariam um perigo e tanto aos novos governantes, que necessitariam deste momento em diante, do voto de milhares de pessoas.
Em 1996, foi lançada uma nova LDB, cuja finalidade era adaptar-se a essa nova realidade. Mudam-se novamente as divisões e objetivos do ensino: Fundamental e Médio, onde o primeiro se subdivide em I e II, o primeiro com relação ao primário e o segundo, com relação ao ginasio. A nova lei, previa uma incrível inclusão.
A Educação passou a incluir a todos, não para que todos tivessem conhecimento, mas, para que os números pudessem mostrar uma evolução nos tais índices vergonhosos. Para obter empréstimos, houve uma reestruturação até mesmo dos prédios onde o ensino era dado. Em S. Paulo, por exemplo, as escolas foram separadas, a fim de oferecerem ensino fundamental e médio em ambientes diferentes, para atender a uma exigência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento - ligado ao FMI).
Para completar o pacote, era necessário acabar com os altos índices de repetência e evasão escolar, foi implatado o sistema de progressão continuada no ensino, em que o aluno só reprovaria ao final dos ciclos de estudos, na 4ª série e na 8ª série do Ensino Fundamental. Esse projeto pedagógico, originado na Inglaterra, consistiu num verdadeiro desastre, pois, o que se tem atualmente são milhares de alunos formados, com inúmeros problemas de aprendizado, compondo uma grande massa de analfabetos funcionais.
Tudo isso, resultou um caos, que se aprofunda a cada dia, em que o professor perde a autoridade, a dignidade e o respeito, pois não tem valorizada a sua profissão. A sociedade, por sua vez, delega à escola toda a responsabilidade pela educação da pessoa desde a mais tenra idade, não apenas a formação intelectual, mas toda a plenitude da palavra, desde os hábitos triviais da pessoa humana.
Sendo assim, o professor é responsabilizado por todo o processo, e o aluno, fica cada vez mais isento de seu cumprimento de dever. Muitas famílias cobram dos professores, pelo mau desempenho de seus filhos, como se estes tivessem culpa pelo descompromisso, falta de zelo e interesse em aprender.
Essa imagem comparativa, portanto, mostra o caos de toda essa trajetória. Cabe a todos nós mudar esse quadro, pois, um país que deixa a Educação chegar a essa situação caótica, perde a genialidade de toda uma geração e é isso que tem ocorrido nas últimas décadas. Quantas gerações mais deixaremos se perder?
sábado, 27 de junho de 2009
Alunos da escola pública, sim senhor:
Essa semana vivi uma experiência enriquecedora. Com outros colegas, levamos um grupo de 35 alunos, ao programa Altas Horas, na Globo. Estivemos presentes na gravação que vai ao ar na próxima madrugada.
Na ocasião, além dos alunos da Escola Charles de Gaulle, estavam presentes alunos da faculdade de Enfermagem da Santa Casa, alunos de escolas particulares de Brasília e da Baixada Santista e alunos do cursinho Objetivo de Santo Amaro. Todos, empolgados e com os excessos próprios da juventude.
O que me chamou especialmente a atenção, foi o fato de os alunos da nossa escola pública, se portarem melhor que os colegas das instituições particulares. Isso demonstra, que na escola pública há pessoas com a mesma qualidade que nas instituições pagas.
Nossos alunos deram show não apenas no comportamento em si, mas, na maneira como se vestiram, na interação durante o programa, sempre com perguntas bem inteligentes. Fiquei orgulhosíssima de todos eles.
Aos hipócritas, isso serve de reflexão, pois não dão o devido valor àqueles que vem das áreas mais pobres das cidades. Tratam-nos como se fossem um bando de coitadinhos e o pior: não movem uma palha para ajudar a melhorar a qualidade da escola pública.
Aluno da escola pública, sim senhor! São capazes de tudo o que quiserem. Basta que lhes deem as oportunidades e eles brilharão.
So-le-tran-do:
Há uma semana, foi ao ar, na Globo, a final do Soletrando, quadro do programa Caldeirão do Huck, em que estudantes do Ensino Fundamental de todo o Brasil soletram palavras díficeis, objetivando um prêmio de cem mil reais, além de bolsas de estudos, computadores, etc. A proposta é incentivar os alunos a tomarem gosto pela língua pátria e desenvolverem a habilidade de concentração e decorarem regras e palavras do vocabulário.
O interessante é perceber como esse tipo de projeto é capaz de envolver a comunidade escolar e despertar o interesse dos jovens. O bom desempenho dos alunos do nordeste, mostra a dinâmica do programa, em que a superação é fundamental.
A vitória da pernambucana Larissa Oliveira (por quem eu torcia), reflete essa imensa capacidade de auto-domínio e da técnica. Além disso, foi impactante a generosidade da participante, que ao sagrar-se campeão, concedeu parte do prêmio aos adversários.
Esse tipo de iniciativa é de suma importância, pois leva os jovens a focarem suas energias numa atividade que os levará a um futuro brilhante: os estudos. Parabéns a toda a equipe do Caldeirão por mais essa iniciativa.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
King of Pop:
É com profundo pesar que escrevo essas linhas hoje. Nelas, devo registrar o inacreditável: a morte do maior ídolo do Pop. Um mito, uma lenda, um ícone. Michael Jackson, foi uma criança prodígio, capaz de trazer de volta o brilho da música americana. Muito mais que um fenômeno de vendas, o percursor de tudo de bom que aconteceu na música recente, seja pelo modo como cantava, seja pelo modo como encantava com coreografias maravilhosas.
Há muito, eu já previa essa notícia, devido à fragilidade de sua saúde, no entanto, aguardava ansiosa o desfecho de sua carreira, com os shows de sua última turnê que realizar-se-ia em julho, na cidade de Londres. É estranho como a vida reserva essas surpresas, deixando a gente sem saber o que dizer, o que pensar e o que sentir.
A morte de Michael Jackson, me faz pensar na minha infância, nas coisas que eu cresci escutando e vi repercutindo sobre essa pessoa ao mesmo tempo doce e excêntrica. Por causa de Michael, tenho um primo com esse nome e tenho inúmeros alunos. O mesmo motivo que me leva aos Jacksons da minha vida.
O rei do pop, em sua passagem pela Terra, soube ser contraditório, generoso, solidário, incompreendido e solitário. Capaz de despertar a atenção de todos por sua genialidade e por seus deslizes.
Muito do que foi divulgado a seu respeito, merece atenção, acredito mesmo que Michael tenha realmente praticado pedofilia, pois a própria psicologia diz que o individuo que sofre violência e abusos na infância, pode vir a tornar-se um agressor. Quem conhece a história do cantor, sabe da infância de torturas que ele viveu, nas mãos de um pai insano, que retirou dos filhos a possibilidade de viver sua infância.
Há uns 15 anos, a Globo exibiu um documentário em formato de minissérie, no qual, mostrava a trajetória da família Jackson. Eu tinha uns nove anos e lembro-me de ficar horrorizada com as cenas que vi: castigo, surras, uma rotina pesadíssima de ensaios, a custo de lágrimas e sofrimentos.
Nunca julguei o cantor por suas atitudes, pois entendo que quem passou pelas tribulações que ele viveu, não poderia ser equilibrado mesmo. O interessante mesmo é ter brotado tamanha genialidade no meio de tanta pressão emocional, moral e psicológica.
Quando comecei a acompanhar essa mudança na cutis do cantor, imediatamente associei ao sofrimento do cantor. Não acredito que ele não se aceitasse como negro, mas, penso que era a dolorida relação dele com a família, que o levava a essa distorção no corpo.
Seu falecimento, encerra uma fase muito importante no cenário musical, em que o homem e o show se combinaram. Todas essas megas produções começaram com ele e Madonna. Mas, a imprensa, enquanto ele vivia, preferia ceder espaço aos fatos que manchavam a sua imagem.
Fico triste por ver dias como esse, em que a imprensa o endeusa. A mesma imprensa que em março o criticava, o espezinhava e o humilhava.
Por outro lado, sei que a morte tem dois viés: o do corpo físico e a da memória. O corpo se vai, porém, ninguém o apagará da História assim tão cedo, pois, dificilmente alguém venderá mais de 170 milhões de discos, como Michael Jackson conseguiu com o seu brilhante trabalho de 1982 - Triller.
Descanse em paz, Michael Jackson. Quem é rei, nunca perde a magestade. You are king of pop!!!
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Começa o desmonte na Educação de S. Paulo:
Nessa madrugada, foi votado o pacote nefasto de Serra contra a Educação de S. Paulo. Através das PLC's 19 e 20, fica estabelecido o fim dos professores temporários, a redução da licença gala (lua-de-mel) e nojo (por falecimento de ente querido), de oito para dois dias e a mudança das jornadas de trabalho.
Tudo isso, demonstrando a falta de caráter dos parlamentares paulistas, que votam na calada da noite, em favor do governador e de seus interesses, não representando os interesses dos eleitores, mas os que beneficiam a si mesmo. Com a aprovação dessas leis, está aberto o caminho para que o governador tucano possa fazer valer seu projeto de privatização da escola pública.
Na Globo, já se fazem inúmeras reportagens sobre os benefícios das parcerias das empresas privadas com as escolas públicas, a fim de melhorar a educação. O que está por trás desse conteúdo, é a intenção de colocar empresas nesse espaço público, para que elas lucrem milhões e gastem pouco, seja na contratação de mão-de-obra barata, seja na formação dessa mesma mão-de-obra barata.
O mesmo governo que alega não ter como gerir o sistema educacional, é o mesmo que gasta milhões em contratos com empresas do porte da Editora Veja e da Fundação Roberto Marinho, para implementar projetos pedagógicos feitos sem a participação dos educadores.
De agora em diante, o que se espera é a precarização do sistema a fim de garantir ao tucanato a conclusão desse projeto. Salve-se quem puder na Educação!!!
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Multimilhonários...
Tenho acompanhado, nos últimos dias, as transações comerciais que envolvem a troca de emissoras por artistas, e as propostas milhonárias de salário. Tudo objetivando aumento nos índices de audiência.
Enquanto SBT e Record disputam artistas, como Eliana, Roberto Justus e Gugu, o povo passa fome, o Rio Negro transborda e tudo continua na mesma. O dólar sobe, os preços sobem e os salários diminuem, porque, a crise foi a deixa para empresários diminuírem as jornadas de trabalho e os salários.
É incrível, que se você, caro leitor, for comprar um carro zero quilometro, provavelmente terá de aguardar cerca de dois meses, para ter o bem, porém, nas montadoras, há uma política de demissões voluntárias, para que os trabalhadores se desliguem da produção. Que contradição! Vendem mais produtos, por causa das vantagens concedidas pelo governo ao setor, ao mesmo tempo que demitem os trabalhadores.
Em tempos de crise, como esse que estamos vivendo, não entra na minha cabeça tais transações profissionais, como a que envolve artistas e jogadores de futebol, a qual estamos presenciando nesses dias. Há duas semanas, o jogador Kaká trocou o Milan (time italiano), pelo Real Madri, numa transação que envolveu milhões, numa das maiores transações da História.
Na recente lista americana dos mais ricos do esporte, Ronaldinho Gaúcho figura entre os atletas mais ricos. Isso revela, a desigualdade que há entre os trabalhadores comuns e essa elite da bola e da arte.
Não que seja errado eles receberem os sálarios, mas, é injusto num país tão carente como o nosso, em que professores, médicos e policiais passam necessidades, vermos uns poucos privilegiados, sem formação, receberem salários exorbitantes. A meu ver, deveria haver algo que regulasse os salários.
E o mais incrível está no fato de todo esse dinheiro, não refletir em bom futebol (porque Ronaldinho Gaúcho não tem aquele rendimento todo) e muito menos, numa TV de qualidade, pois a cada dia que passa, os programas pioram em qualidade e, por isso mesmo, em conteúdo.
Fazer o quê, né? Isso é Brasil...
domingo, 21 de junho de 2009
Sobre migrantes e imigrantes:
Esse mês, se comemora, respectivamente, o dia do migrante e do imigrante. Nessa data, dá para refletir sobre a condição de milhares de pessoas que em não tendo condições de continuar em sua terra natal, saíram em busca de uma vida melhor e vieram construir o Brasil.
O contexto da migração é fruto do descaso com o povo nordestino, que vivendo em situação de miséria, se vê obrigado a fugir da seca e a procurar a sobrevivência no sul e sudeste do país. Apesar de serem fundamentais para o desenvolvimento das maiores metrópoles brasileiras, o que se vê na prática, é a exclusão social destes, que muitas vezes compoem as estatísticas de exclusão social.
Já o processo de imigração, é mais complexo e contraditório e sobre ele, prefiro escrever numa outra oportunidade, com mais calma. O fato, é que muitos imigrantes, formam a nossa sociedade, e com eles temos a possibilidade de dividir não apenas o espaço, mas de trocar cultura.
Por tudo isso, que nessa semana a gente possa valorizar aqueles que convivem conosco nesse pedaço de Brasil.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Descaso com a saúde nordestina:
Ontem, vi uma reportagem no Programa do Ratinho que me deixou abalada, nunca imaginei uma cena como aquela ao longo da minha vida inteira. Foi mostrado o caso de um bebê de 29 anos. Isso mesmo! Um bebê de 29 anos.
Trata-se de uma doença na qual os hormônios do crescimento não conseguem atuar no organismo e a pessoa não cresce, não se desenvolvendo. Além do tamanho, a pessoa em questão não desenvolveu a fala, permanecendo com a mesma estatura dos 2 anos de idade.
A mãe dessa moça já morreu e ela recebe os cuidados da madrasta e o carinho do pai, homem simples, nascido e criado no interior do Ceará, sem estudos e sem condições financeiras de tratar a enfermidade da filha, mas cheio de amor.
Esse caso trás a tona o descaso com que a saúde é tratada nesse país, em que se paga pesados impostos para custear o setor, mesmo não se vendo o retorno cobrado (e muito bem pago, não nos esqueçamos da CPMF). É o retrato da vergonha, da calamidade, do descaso, do descompromisso, do desrespeito...
Vinte e nove anos de silêncio e solidão. Vendo tudo crescer a sua volta e sentir-se estagnada, incompleta. Imaginemos o que sente essa pessoinha, esquecida no interior do Ceará, dependente de todos, sem saber o por que disso tudo.
Quase três décadas de esquecimento. O caso só veio ao conhecimento do grande público, graças a internet e ao interesse da equipe de jornalismo de checar tal informação. Caso ao contrário, esse bebê chegaria aos cinquenta anos ou morreria antes desse tempo e nós jamais teríamos tido conhecimento desse caso chocante.
Simplesmente foi dito à familia que a criança tinha uma deficiencia no organismo e deixaram a história pra lá, como se essa vida nada representasse. Não tenho como expressar o quanto isso cortou meu coração, e o quão indignada fico em ver no meu país, em que deputados gastam mais de 500 reais numa garrafa de champagne, a falta de assistência médica.
Até quando receberemos essas más notícias passivamente?
terça-feira, 16 de junho de 2009
Intolerância:
Escrevo essas poucas linhas, pra comentar sobre a intolerância da sociedade hipócrita, revestida de um falso moralismo. A mesma sociedade onde homens casados saem à caça de travestis, para usá-los e depois espancá-los. A mesma sociedade em que as pessoas fingem que não veem a opção sexual das pessoas quando estas tem poder econômico considerável, e que criminaliza os que não o possuem.
A sociedade que incentiva o desejo perverso, através de músicas que incentivam o sexo desregrado, vulgar e a promiscuidade, é a mesma sociedade que se prepara pra jogar bombas em homossexuais. A mesma, que contraditória, não vota em Marta Suplicy por ser ela defensora da causa gay, mas, elege Gilberto Kassab!
Vi os fatos relativos à Parada Gay e fiquei indignada com a violência, refletida nos inúmeros furtos, assaltos, agressões, tumultos, etc. Durante toda a semana que antecedeu o evento, foi propagado na imprensa o poder econômico dos homossexuais e todo o potencial financeiro dos mesmos, no entanto, não houve uma preparação adequada para receber tanta gente, com a estrutura que deveria.
Com relação à homossexualidade, penso que cada um é responsável por seu próprio desejo, por sua própria satisfação. A escolha de com qual pessoa dividir os momentos de intimidade, é algo pessoal. Não diz respeito a ninguém mais. Todas a pessoas devem ser respeitadas. Não é o fato de elas se relacionarem com pessoas de mesmo sexo, que as tornará mais ou menos dignas da minha amizade, pois o que me leva a admirar as pessoas, é o seu caráter e não a sua sexualidade.
Preconceito é a impossibilidade de conviver com as diferenças, e, portanto, de crescer com elas.
domingo, 14 de junho de 2009
Educação como sacerdócio:
Dias atrás, li na seção de cartas da Folha de S. Paulo, a opinião de um leitor de S. Bernardo do Campo - SP, que, inicialmente seguia uma linha de raciocínio brilhante, mas, que no seu desenvolvimento se perdeu completamente, ao conter elementos utópicos, completamente fora da realidade.
O leitor, falava sobre a repercussão a respeito das manifestações do professorado paulista, que estão mobilizados contra uma série de medidas que precarizam ainda mais as condições de trabalho dos educadores. Em suas palavras, o leitor defendeu a categoria dizendo que a problemática está na falta de disposição dos alunos para aprender, porque os professores estão dispostos sim, a ensinar.
Essa colocação, é bastante coerente e profunda, pois reflete a realidade. Os educadores que ainda permanecem nas redes de ensino, o fazem por amor à profissão, porque as inúmeras dificuldades do cotidiano, já consistem em motivos mais do que suficientes para o abandono da carreira do magistério. Convive-se com violência, indisciplina, agressão verbal e moral, desrespeito, etc.
O que saiu do contexto na exposição do leitor, foi o fato de ele terminar dizendo que não entende o motivo que leva os professores a querer aumento de salário. Que o exercício do magistério deve ser encarado como um sacerdócio. Que pelo pouco tempo que trabalham, seu salário não é lá tão ruim assim.
Bem, os sacerdotes, na maioria dos casos, tem suas despezas pagas pelos fiéis. Mas, mesmo eles, trabalham para manter suas despezas e pagar as contas. Refiro-me a gente séria. Esqueçamos Edir Macedo, Bispo Estevam Fernandes, David Miranda, etc.
Porém, se a sociedade não se importar em pagar as nossas despezas de alimentação, contas de água, luz, condomínio, telefone, prestações, IPVA, IPTU, etc., eu me conformarei com o salário de fome que recebo.
Como escrevi anteontem, está ficando cada vez mais impossível de viver dignamente sem ter de recorrer a empréstimos, juros do cheque especial, cartão de crédito, etc. Porque tudo é reajustado ano a ano, menos o salário do professor.
Se o querido leitor da Folha quiser pagar as minhas contas, eu prometo educar direitinho os meus alunos e ainda rezar por ele todas as noites. Vai me poupar as insônias...!
sábado, 13 de junho de 2009
Doar sangue, fundamental nessa época:
Quando chega os feriados prolongados, sempre há inúmeras reportagens na televisão a respeitor da importância da doação de sangue em época de feriados prolongados e férias, momento em que acontecem mais acidentes nas estradas. Devo concordar em parte com essas reportagens.
Em parte, porque é verdade que esse período é realmente o que mais tem registro de acidentes nas estradas. O uso e a necessidade de transfusões sanguíneas é realmente imenso.
Porém, isso também é reflexo da deseducação do trânsito brasileiro, que tem inúmeras leis e punições, mas, que não geram um esforço verdadeiro para que as barbaridades continuem a acontecer. O governo fecha os olhos para as inúmeras irregularidades, porque sabe da sua irresponsabilidade com o setor.
As estradas que ainda não foram privatizadas, não tem sinalização adequada, falta asfalto, acostamento e uma série de melhorias e manutenção. Além disso, desde que sou criança ouço falar num tal incentivo para a troca da frota de caminhões que nunca sai do papel. Isso, sem citar o sucateamento da rede ferroviária e a falta de investimentos nesse setor, que poderia otimizar o transporte.
O fato é que a herança dos anos 50 está aí de mal a pior, com a finalidade de privatizar as estradas como um todo. A mídia, incentiva as pessoas com relação a essa idéia, mostrando as autobans européias, que custam uma fortuna. Porém, se omite que lá eles não pagam a maior taxa tributária do mundo.
Ter e manter um carro no Brasil é uma barbaridade para o bolso. Ainda mais, para os motoristas paulistanos. Paga-se o maior IPVA do Brasil, convive-se com o pior trânsito, os inúmeros buracos, a sinalização precária, os estacionamentos irregulares nos bairros periféricos da capital, onde pedestres caminham nas ruas sem o menor contrangimento.
Além dos impostos da gasolina, que são altíssimos, porque o barril do petróleo está cem dólares mais barato que há um ano, mas o consumidor paga o mesmo que pagava no período referido. Ao sair no final de semana, o motorista tem que desembolsar taxas de pedágio altíssimas, levando-se em conta o custo de vida e o movimento das estradas paulistas.
Enquanto isso, o governo Serra gasta bilhões de reais públicos, para construir o Rodoanel, para repassá-lo ao setor privado, que lucrará milhões com o pedágio. Comparando, é como se contruíssemos uma casa, para outras pessoas habitarem e viverem confortavelmente!
Diante de todo o exposto, só me resta incentivar a doação de sangue, pois podemos precisar de, já que o governo que temos não se preocupa com a nossa vida em nenhum aspecto. Só o povo mesmo para fazer esse gesto de amor!
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Razão pra não aumentarem o salário do funcionalismo público:
Muito se discute a respeito do motivo que gera o arrocho salarial do funcionalismo público, como um todo. Pouco se fala do aspecto econômico, e das empresas que se alimentam dos poucos proventos recebidos por quem serve ao estado.
Como funcionária pública, recebo inúmeras correspondências bancárias que me oferecem vantagens múltiplas, como incentivo para que eu pegue dinheiro emprestado. Para completar o salário micho e insuficiente, tendo-se em vista que há 12 anos o funcionalismo paulista recebe o mesmo valor, milhares de servidores se valem dos empréstimos, para poder honrar seus compromissos.
Bancos ligados aos governos (Nossa Caixa e Banco do Brasil, por exemplo), são os que mais tentam os profissionais a pegar empréstimos e atrelá-los à descontos em folhas de pagamento. O que diminui ainda mais o dinheiro do mês.
Por outro lado, não há muitas opções de escolha, além dos empréstimos, tornam-se aliados constantes do funcionalismo outros produtos bancários, que endividam e comprometem cada vez mais o orçamento, como cartão de crédito, limite do cheque especial, entre outros.
Em outras palavras, a falta de dinheiro de quem trabalha para os governos, ajuda a movimentar a máquina financeira daqueles que mais lucram nesse país. Fala sério!
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Desrespeito aos dias sagrados:
Hoje é uma grande festa para milhares de católicos. Trata-se da festa de Corpus Christi, na qual se celebra a transubstanciação do Corpo de Cristo na Eucaristia, data que remete-nos ao século XI, quando um padre durante a celebração da eucaristia duvidou que de fato Jesus se fazia presente na Hóstia, fato que gerou o milagre de o pão ter virado carne humana e o vinho sangue. Assim é revelada a origem desse dia sagrado pelo Vaticano, aos que professam a fé católica, e, consequentemente, nele acreditam.
Como se sabe, o Brasil é um país de tradição católica, portanto, essas datas, são comemoradas e celebradas, consistindo em feriados. A razão de não ser um dia de trabalho, é para que as pessoas possam ir a igreja rezar.
Porém, nos últimos anos, tanto as pessoas que não professam a fé católica, quanto as empresas, vem desrespeitando dias como hoje. Isso esvazia o sentido da festa e mostra a falta de reverência pela fé alheia.
Penso que nos países budistas, hinduístas, judaicos, mulçumanos, etc., mesmo as pessoas que não professem a fé nessas religiões, não devem trabalhar, em sinal de respeito e consideração àqueles que seguem tais preceitos.
A cada ano, verifico que mais e mais as pessoas quebram o protocolo e abrem o comércio a fim de lucrar com o dia de folga alheia, mas, não permitem que seus funcionários participem da celebração. É muito triste ver num dia como hoje, o Corpo Santo de Deus passar em meio a pessoas que dele caçoam.
Dentre as muitas coisas tristes do sistema capitalista, a que acho mais estúpida é esta: o lucro alcançado em dia santo. Que vantagem Maria leva?
Como se sabe, o Brasil é um país de tradição católica, portanto, essas datas, são comemoradas e celebradas, consistindo em feriados. A razão de não ser um dia de trabalho, é para que as pessoas possam ir a igreja rezar.
Porém, nos últimos anos, tanto as pessoas que não professam a fé católica, quanto as empresas, vem desrespeitando dias como hoje. Isso esvazia o sentido da festa e mostra a falta de reverência pela fé alheia.
Penso que nos países budistas, hinduístas, judaicos, mulçumanos, etc., mesmo as pessoas que não professem a fé nessas religiões, não devem trabalhar, em sinal de respeito e consideração àqueles que seguem tais preceitos.
A cada ano, verifico que mais e mais as pessoas quebram o protocolo e abrem o comércio a fim de lucrar com o dia de folga alheia, mas, não permitem que seus funcionários participem da celebração. É muito triste ver num dia como hoje, o Corpo Santo de Deus passar em meio a pessoas que dele caçoam.
Dentre as muitas coisas tristes do sistema capitalista, a que acho mais estúpida é esta: o lucro alcançado em dia santo. Que vantagem Maria leva?
terça-feira, 9 de junho de 2009
Greve da USP - Truculência da PM a serviço do governo:
Na tarde de hoje, a Polícia Militar, cumprindo mandado judicial, com sua truculência habitual, invadiu alguns prédios da USP, ferindo alguns grevistas (entre eles, alunos, professores e funcionários).
A greve da USP ocorre por causa das péssimas condições de trabalho e salários do funcionalismo, além dos ataques de Serra, como a implantação da educação à distância entre outras coisas. O projeto neo-liberal, também tem sucateado a instituição e agora, prevê seu desmonte, inserindo parcerias com instituições privadas.
O governo quer se comprometer o mínimo possível com os serviços públicos, gasta o nosso dinheiro em obras faraônicas, que repassa ao lucro do setor privado, como no caso da ampliação do metrô. Para quem não sabe, a linha 4, está custando bilhões de reais. Dinheiro dos nossos impostos. Para, ao final da obra ser repassada a uma empresa que terá todo o lucro.
Enquanto isso, o governo diz aos quatro ventos que não tem dinheiro pra pagar as contas da educação. Encara o maior investimento que se pode fazer num povo, como se fosse um favor feito aos cidadãos. Usa de má fé para com o povo paulista.
A greve da USP é reflexo do descaso e do compromisso tucano com a posteridade. Não investir e não dignificar a formação dos profissionais que manterão a sociedade no futuro é falta de respeito, é desvalorizar o que se tem de melhor, em nome de uma filosofia política egoísta, insana, que no século XVIII foi aos poucos decaindo, mas que eles teimam em reascender seu fogo.
É simplesmente lamentavel, que um governo autoritário e mesquinho tenha em mãos o controle do estado mais rico do país e mesmo assim, fique chorando, mendigando. Hoje, o magistério paulista de ponta a ponta, sofre com um salário de fome e uma falta de consideração que ultrapassa todos os limites.
Que país é esse em que professores ganham menos que garis? Não desmerecendo esses profissionais, mas, submetendo ao ridículo uma das mais nobres profissões do mundo. Não dá pra fingir que nada está acontecendo. É preciso que as pessoas abram os olhos e vejam o que está diante de seu nariz!
sábado, 6 de junho de 2009
Vik Muniz no MASP:
Está em exposição no MASP, uma exposição belíssima, que irá para o MAC em Niterói, no segundo semestre. Trata-se da exposição de Vik Muniz, um artista brasileiro de renome internacional, cuja obra encanta já a primeira vista.
Vik, é brasileiro, erradicado nos Estados Unidos. Sua trajetória teve inicio no final do século passado, quando o artista começou sua carreira produzindo esculturas. Como não havia dinheiro suficiente para compor muitas obras, a solução encontrada foi fotografar as criações. Ao realizar tal tarefa, ele se encantou com o jogo de luzes e angulos presentes na imagem. Surgia assim um talento pra fotografia que trancende qualquer técnica tradicional.
Para fotografar, Vik Muniz utiliza inúmeros materiais e técnicas possíveis dentro da sua riquíssima criatividade, para exaltar a imagem. Há fotos belíssimas, que enganam o olhar por sua grandeza, sendo impactante para quem as mira.
Destaco entre as inúmeras possibilidades, as imagens produzidas através de recortes de revistas, caviar, molho de tomate, diamante, etc. Tem paisagens compostas de linhas, além de objetos feitos de arame. Não revelarei o conteúdo todo da exposição, a fim de fazer brotar a curiosidade do leitor, que não se arrependerá de visitá-la.
Meu primeiro contato com as obras do artista, foi a cinco anos na Pinacoteca, durante uma exposição de imagens feitas a partir de colagens, que revelavam celebridades. Naquela ocasião, lembro-me de ter achado seu trabalho muito interessante. No entanto, a exposição do MASP revela um trabalho que vai além, pois mostra a genialidade desse artista contemporâneo em toda a sua excência.
Tais elogios, surpreendem até mesmo a mim, que sou comumente contrária aos abusos da arte contemporânea, que por vezes, esvazia de significados a mesma, ao se permitir expor bobagens por aí, dando-lhe o nome de obras. Digo isso, porque já decepcionei-me muito com incríveis bobagens, como no caso de uma exposição alemã que esteve no MASP há dois anos atrás, ou de inúmeras tentativas que fiz ao visitar o Itaú Cultural.
Minha vasta experiência com relação a produções desse tipo, leva-me a certeza absoluta de que esse é o artista mais genial da arte contemporânea. Quem se dispuser a ir até o museu, verá que não é exagero de minha parte.
Por ora, encerro os meus escritos na certeza de não ter cometido nenhuma injustiça ou equívoco.
Mulheres descasadas procuram:
Ontem, fui conferir no teatro Eva Vilma, a peça "Mulheres descasadas procuram", com Sheilla Mello e Gláucia Macabelli que fica em cartaz até o próximo dia 28.
O teatro, fica numa ótima localização: no Carrão, zona leste da capital paulista, próximo à Radial Leste, o que significa uma ótima acessibilidade (se não houver um engarrafamento monstro, evidentemente). O teatro fica numa escola, tendo uma moderna e confortável instalação, sendo um dos mais modernos (e por que não?) luxuosos da cidade, servindo de abrigo ideal para grandes espetáculos.
As fotos da carreira de Eva Wilma compoem a decoração da lanchonete e são um espetáculo à parte. Aliás, o teatro tem todos os detalhes em referência à homenageada. Além de uma iluminação bem feita, há um sistema de som muito adequado, bem como o sistema de exibição de vídeos, o que proporciona mais riqueza às exibições.
Quanto a peça, é preciso registrar que o texto é muito bom. Conta a história de duas mulheres de meia idade descasadas, enfrentando os novos desafios dessa sua condição de vida. A comédia, é inteligente, graciosa na medida certa, capaz de fazer o espectador rir, pensar e refletir durante a apresentação.
As atrizes, por sua vez, demonstram talento e intimidade com o texto. Fiquei vidrada, não sabia em qual delas fixar o olhar, tamanha a grandeza das cenas. As duas dominaram todas as cenas, não sendo possível eleger a melhor, pois estavam uma à altura da outra.
A atriz Sheilla Mello, em nada lembra a dançarina de Axé, revelada num concurso realizado na televisão, no final da década de 90 do século XX. Sua interpretação segura e apaixonada, revela a dedicação com seu novo ofício artístico. Demostrando uma grande capacidade e talento, provando que com esforço e dedicação, é possível superar os obstáculos e vencer todos os desafios. A simpatia de Sheilla se evidencia no acolhimento ao público.
Gláucia Macabelli, tem postura de veterana no palco e, embora desconhecida do grande público, é uma grande atriz, demonstrando generosidade e talento. No auge da maturidade, sua beleza se evidencia, por si mesma, ou por sua postura corporal, revelando sua elegância e graciosidade.
Por fim, devo escrever a respeito do heroísmo que é fazer e viver de arte no Brasil. Um espetáculo com tanta infra-estrutura, conta com a carência de público, seja por causa de seu custo e pela falta de hábito de consumo das pessoas por esse tipo de entretenimento. As pessoas, em geral, não valorizam o teatro como deveriam.
O teatro é a arte a la carte do entretenimento, deve ser saboriada e degustada com prazer e sem pressa, para que se sinta as suas delícias. Essa arte gera a possibilidade de usar todos os sentidos, como a quem vê um prato bem elaborado.
A falta de popularidade do teatro, faz parte desse processo de deseducação do povo brasileiro e pode ser um dos caminhos para revertermos o quadro de desvalorização da educação. Amar o teatro, é acreditar no mundo da imaginação, em que com criatividade, tudo se torna possível, inclusive a existência de uma vida melhor.
Para melhores informações a respeito da peça, acessem:
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Tróia:
Esse artigo pretende refletir um pouco sobre a nossa realidade atual, usando como base, a análise de dois pequenos trechos presentes no filme Tróia, de 2004, estrelado por Brad Pitt e Orlando Blon. Muito mais que um elenco grandioso, o filme reúne em um cenário belíssimo, fotografias caprichadas e muita tecnologia a fim de recontar um dos episódios de A Ilíada, clássico de Homero.
A história conta a guerra de Tróia ocorrida há 3200 anos atrás, que teria ocorrido quando o principe Páris (troiano), se apaixonou por Helena, esposa de Menelau (espartano). Páris resolve levar a amada consigo para Tróia, detonando o estopim de uma guerra contra Esparta. Para auxiliar os espartanos, Aquiles segue para a batalha, protagonizando uma batalha histórica, a fim de tornar sua glória imortal.
As cenas que contam toda essa narrativa são bem elaboradas e dão um grande realismo a esse clássico da literatura mundial, que também marca o início da História (se é que isso é possível). Pois bem, desse rico enredo, destaco dois diálogos, a fim de fazer algumas considerações que considero importantes.
"A História se lembra dos reis, não dos soldados." - Agamenon.
"Soldados lutam por reis que nunca conheceram, fazem o que lhes é mandado, morrem quando lhes mandam morrer. Não perca a sua vida seguindo as ordens de um tolo qualquer." Aquiles.
É evidente que o filme é uma adaptação dos dias modernos, que não se preocupa em ser totalmente fiel ao poema homérico, mas, essa citação, independente da época de sua citação, corresponde a uma verdade, pois a história oficial - a que chega até nós, principalmente no senso comum - desconsidera os coadjuvantes do processo histórico, criando heróis e omitindo os reais responsáveis por um acontecimento.
A história que nos é passada, inicialmente, é a história dos vencedores. Uma história filtrada, cheia de elementos miraculosos e belos, capaz de encantar e formar uma idéia mágica, mística, maravilhosa ou até fantástica a respeito de certos acontecimentos. Essa, é a história positivista, que foi contada por décadas na escola. Aquela comemorativa, celebrativa, que fez do historiador (por décadas), um mero contador de eventos, e por isso mesmo, um mero cerimonialista dos fatos.
Essa é a história que a academia luta para rever, para desmistificar. Porém, a memória é lenta, o que significa que essa tarefa levará um longo tempo para ser concluída, ou simplesmente não o será.
Lembrar do rei, é esquecer da dor e do sangue derramado em nome da ambição , do egoísmo, dos interesses pessoais e por razões futeis e/ou indolentes. Lembrar do rei, é desconsiderar os que o protegeram e deram a vida para garantir suas vitórias.
Muito se fala em Napoleão Bonaparte, pouco se comenta a respeito dos homens que foram obrigados a colocar em prática as sandisses do imperador francês. Homens anônimos, que deram a vida por um projeto que pouco se conhecia.
As duas frases se complementam e nos dias de hoje, pode-se dizer que fazem sentido, pois muitos seguem caminhos irrefletidamente. Doam-se de olhos fechados para um sistema inescrupuloso, incapaz de requerer a dignidade humana no curso de seu desenvolvimento. É o caso do funcionário que dá seu suor por empresas que nunca o verão como um ser, mas, que o reconhecem como pura e simplesmente um número.
Portanto, essas falas de Tróia não narram apenas a guerra entre gregos e troianos, mas, narram um cotidiano de omissão em que as pessoas se deixam levar por falsos heróis e falsas ilusões. Mostra também que as pessoas aceitam passivamenta as situações, sendo manipuladas, sem saber para que estão lutando. Mesmo que seja contra si.
Manipulação Midiática:
Muito se discute a respeito do fim da censura no Brasil. Sobre a liberdade de imprensa pra comunicar as notícias aos cidadãos. Quando ouço esse discurso, fico pensando, sobre qual país falam.
Esse, certamente não é o país onde vivo, pois, a imprensa que conheço, não se enquadra nesse mundo perfeito, em que se comunica os fatos às pessoas. O que ocorre nos dias atuais, mesmo após vinte e cinco anos do final (oficial) da ditadura, é uma imprensa que comunica apenas os interesses dos poderosos.
Ontem, durante a assembléia dos professores, isso ficou ainda mais evidente. As cerca de cinco mil pessoas que compareceram à reunião realizada em frente à ALESP (Assembléia Legislativa de São Paulo), viram algo corriqueiro entre sindicalistas - discussão e empurra-empurra em frente ao palanque - ser publicado na mídia como uma grande confusão. Além disso, vi a tropa de choque marchar. Detalhe: o espaço mostrado era a rampa da ALESP, da qual os manifestantes não podiam passar nem para ter acesso aos banheiros.
O governo de S. Paulo usa de todos os artifícios sórdidos contra o funcionalismo público: baixos salários (menos que o salário mínimo, inclusive, como prevê a nova jornada), polícia (tropa de choque), o ticket coxinha, que vale R$4,00 (detalhe: a meses recebo só um pro mês inteiro), mídia manipulada, etc.
Eu gostaria de ver essa mesma polícia que atira balas de borracha contra trabalhadores e estudantes, defendendo a vida dos cidadãos, no cotidiano, por exemplo. Ontem, enquanto o efetivo era colocado contra pessoas que não conferem perigo a vida de ninguém - muito pelo contrário, já que se expoem ao risco na tentativa de educar essa sociedade - torcedores de Vasco e Corinthians se matavam em plena marginal do Tietê. É essa a segurança exemplar de José Serra.
É muita covardia, né? Sorria! Você está sendo manipulado...!
Direto ao assunto:
Todos os dias pela manhã, o Jornal do SBT exibe em sua primeira edição, comentários de José Neumany Pinto, no quadro Direto ao Assunto, em que o referido senhor dá sua opinião à conjuntura política, econômica e social do Brasil. Nessas ocasiões, o comentarista expressa o que pensa a burguesia desse país.
Nada surpreendente, pois é justamente essa função. Algumas análises me deixam estarrecida, outras, são hilariantes, mas a análise dessa manhã, me deixou perplexa, ao constatar o sinismo da burguesia desse país em relação à Educação nesse país.
Ao falar a respeito da greve do funcionalismo da USP, que no dia de ontem viu a polícia invadir o campus para tratar estudantes, professores e funcionários como bandidos. Para tratar de um assunto tão delicado. o comentarista disse que a greve já é um evento acadêmico previsto para essa época do ano.
Essa é a maneira mais simplista de analisar conjunturalmente uma problemática histórico que reúne elementos históricos perversos de um sistema que envolto na lógica neoliberal, se vê precarizado em toda a sua essência, seja pela falta de infra-estrutura, pelos baixíssimos salários de seus servidores e assim por diante. A educação como um todo, é um ramo lucrativo para os empresários do país, mas, curiosamente, é acusada de representar despesas ao estado.
Ora, investimento no homem não gera a possibilidade de se reverter em produto a ser lançado na bolsa de valores, ou a possibilidade de privatização para a entrega do seu capital aos empresários falidos pela crise, como no caso do Banco Nossa Caixa, que vendido ao Banco do Brasil, rendeu 5 bilhões, no dia anterior à doação de 4 bilhões do Estado de S. Paulo como socorro aos industriais do ramo automobilístico.
Para Neumany Pinto, a greve da USP é tão simples, pois ele desconhece a falta de verbas, a falta de condições para exercer sua atividade profissional, conviver com um salário de fome, insalubridade, superlotação em sala de aula, ticket de R$4,00.
As deficiências da USP, são o retrato do descaso da burguesia desse país com a formação de nossos profissionais, pois, se lá, que é a escola-mor do país, está nas condições degradantes atuais, imaginem as outras escolas do país. É evidente sua deterioração.
Creio ter sido direta o suficiente.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Mudanças no clima, co-responsáveis pelas tragédias ambientais;
Há dois anos, tá na moda falar sobre aquecimento global, esse tem sido o tema de inúmeras pesquisas escolares, de discussões simples à simpósios e congressos no mundo todo, que atraem pesquisadores, empresários e governos do mundo todo.
Nunca antes na história, o homem se preocupou tanto com a questão ambiental, que além de mobilizar ativistas, gera dividendos e cria um novo mercado. Salvar o planeta tem sido a bandeira de muitos, seja por preocupação ecológica em si, ou por preocupação econômica.
O fato é que já não dá mais para fingir que nada está acontecendo. Desde o tratado de Kioto, a cerca de dez anos, o mundo sabe que não há mais o que degradar e explorar. A natureza não aguenta mais o uso desordenado de seu solo, sua fauna. flora, águas e assim por diante.
Sem ter outras fontes para explorar, o homem vê-se diante de um impasse: como manter o mundo confortável criado às custas de muito desperdício e nenhum planejamento com relação às reservas naturais.
Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, o homem cria novas tecnologias, sob a triste e enganosa ilusão de que os recursos que as propiciam não se acabariam. Atualmente, envoltos nas doenças geradas pela poluição e sentindo as consequências nas mudanças climáticas, sabemos da inverdade contida nesse pensamento.
Quando vejo situações como a das enchentes de Santa Catarina, que deixaram milhares de pessoas desabrigadas naquele estado, no final de 2008 e quando vivencio um momento como esse em que o nordeste se aflige em meio às àguas, ao passo que o sul enfrentou uma das maiores secas registradas em sua história, verifico a nossa co-responsabilidade enquanto cidadãos de todos esses eventos.
Ao não exigirmos saber a procedência do que consumimos, contribuimos com a devastação de nossas matas e florestas, que são destruídas para dar lugar à pastagens ou pra ter extraídas suas madeiras.
Não discorrerei sobre o impacto ambiental de tais atos, pois isso demandaria informações técnicas e extensas, mas, peço que o leitor reflita a esse respeito: o clima do mundo está mudando, por nossa causa, o que faremos por ele?
Essa boneca tem manual - Vanessa da Mata:
Um cd cheio de poesia, com uma musicalidade leve, na medida pra nos levar ao deslumbramento causado pela melhor música do mundo: a nossa. As baladas e todo o ritmo presentes no disco, dão a leveza e a energia necessárias pra despertar o prazer em quem ouve.
A musicalidade de Vanessa - autodidata, por sua propria definição - é ao mesmo tempo doce e altiva. Sua formação musical incluiu de Luiz Gonzaga a Orlando Silva. Durante a infância, a cantora residiu em Uberlândia. No estado mineiro, recebeu a influência de outros grandes cantores como Milton Nascimento, por exemplo. Seu gosto por bossa nova também aparece em sua biografia.
A voz suave dessa grande revelação da MPB nos últimos anos, leva ao delírio quem ama uma boa música. Natural do Mato Grosso, a cantora chegou ao conhecimento do grande público na última década, quando esse cd passou a ter suas faixas executadas nas rádios especializadas no gênero. A seguir, suas músicas foram incluídas em trilhas de novelas da Rede Globo. Porém, seu surgimento no meio musical se deu em 1997, quando a cantora foi apresentada ao cantor e compositor Chico Cézar.
Da parceria com Chico Cézar, veio uma música que foi gravada por Maria Bethânia, tendo chegado à disputa do Grammy Latino. Sua carreira como compositora começa a deslanchar, com a gravação de mais uma música sua por Maria Bethânia, desta vez acompanhada de Caetano Veloso, no disco Maricotinha. O passo seguinte foi dado quando da gravação de suas músicas por Daniela Mercury e Ana Carolina.
Enfim, em 2002, Vanessa da Mata grava seu trabalho solo e tem reconhecimento nacional. Voltando ao disco Essa boneca tem manual, além de lhe render disco de platina em 2006, o disco que foi gravado em 2004 teve faixas incluídas em novelas globais e sucessos remixados, tendo composições da própria cantora e regravações de clássicos como Eu sou neguinha e História de uma gata.
Nos últimos dias, não me canso de ouvir as músicas. Elas tem a capacidade de elevar o ouvinte a um mundo mais suave, onde estresse e preocupações cotidianas ficam pra trás diante da beleza e leveza dessa obra. Sem dúvida, estamos diante de um disco clássico. Uma belíssima herança artística que ficará para as próximas gerações.
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