terça-feira, 26 de março de 2013

Jd. Iguatemi e a reintegração de posse:

Até hoje, muitos de nós nem sabia da existência desse lugar. Bairro simples da zona leste de S. Paulo. 
Uma família de ricos advogados, tinha terras lá. Muitas terras. Provavelmente, aguardavam a valorização das terras para lucrar infinitamente com elas.
Enquanto isso, a população pobre, sofre com a falta de moradia. É ignorada pelas autoridades, não consegue sequer pagar um aluguel, ainda mais agora que está tudo pela hora da morte. Mas, eis que de repente, muitos pobres invadem o local.
Imediatamente, os donos do terreno imediatamente querem reaver suas posses (mesmo sem terem ligado pra ela por anos), recorrem a justiça burguesa e pronto! Tudo certo para transformar trabalhadores em bandidos.
É impressionante como numa hora dessas a quantidade de policiais se multiplica. Cotidianamente, não os vemos nas ruas reprimindo marginais com a mesma força.
Não acho bacana invadirem o que é dos outros, porém, não é bacana expulsar as pessoas sem lhes apresentar quaisquer alternativas.
É desagradável, é trabalhoso, mas, é atribuição do poder público garantir moradia digna para os seus cidadãos.
Quem se propõe a administrar a cidade e o estado tem que se empenhar em encontrar soluções, por mais impossíveis que elas pareçam. 
As favelas existem por causa da incompetência de quem não sabe governar, de quem se alia aos grandes especuladores e se esquece da gente simples, que é tão fundamental para eleger esses mesmos senhores que as abandona.

E o ciclista perdeu o braço...

E o ciclista perdeu o braço. Para o motorista que o acidentou, pouco importou. Vindo da balada, aquele cara estava ali somente para atrasar o seu lado. Em sua mente insana, provavelmente incomodou o fato de um pobre poder percorrer o mesmo caminho que ele.
Na verdade, ao se acidentar, ele nem entendeu como aconteceu tudo aquilo. Tinha bebido um pouco, catado umas minas, tava voltando pra casa, já...
Mas, eis que de repente, um pobre cruzou o seu caminho e ainda por cima, ficou seu braço ali como lembrança... que porcaria... o que fazer então?
Lembrando-se de morar no Brasil e não tendo o menor temor da punição, pois tudo sempre termina em pizza pra quem tem um pouco de grana, resolveu deixar aquele braço, jogado num rio. Crime perfeito? Que nada, ele nem pensou nisso. Afinal, não foi culpa sua. O ciclista estava ali porque quis.
A merda toda foi a mídia ficar sabendo, não fosse isso, teria passado umas três horas na delegacia e nada mais.
Mas, isso aqui é Brasil e agora ele tá no conforto de seu lar descansando de todo esse estresse. E o ciclista? Perdeu o braço...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A respeito da DITABRANDA:

Nessa semana, em que um bebê torturado há 40 anos se suicidou. É absurdo e insano ver pessoas dizerem que o que houve no Brasil entre 1964 e 1985 (período em que militares ocuparam o poder) foi uma ditabranda. 
Evidentemente essas pessoas não tiveram parentes desaparecidos, nem torturados, muito menos abusados pelo simples fato de pensarem em meio a uma sociedade que não o fazia, apenas aceirava a imposição das coisas, sem questionar.
Mas, também não podem ser sérias pessoas que acham que a força é melhor que o dialogo. Não podem ser sérias pessoas que nada fazem para ver o país, a cidade e o bairro melhorar. Pessoas que trabalham exaustivamente e na segurança de sua mediocridade se acham no direito de dizer que nem foi tanto sofrimento assim.
Só quem viveu a dor de ter seus filhos mortos pelo sistema, sabe. Só quem enfrentou o DOI-CODI, sabe. 
É bem verdade que em países como Argentina e Chile a coisa foi muito pior, mas, basta uma visita ao Memorial da Resistencia em S. Paulo pra se ter certeza da intensidade dos anos de chumbo, pois aquele lugar em si dói na alma.
Continua...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Renúncia de Bento XVI:,



Hoje, pela manhã, fui surpreendida com uma notícia extraordinária: a renúncia do papa. Bento XVI, sucessor de João Paulo II (beato), deixará seu posto de bispo de Roma em 28 de fevereiro, às 20 horas.
Mas, o que há de tão surpreendente nisso?
A meu ver, o fato de que Bento XVI sempre sonhou em ocupar o cargo maior da Igreja Católica. Desde novo, ele sempre buscou o poder, até que conseguiu, para oito anos depois deixar o cargo. 
Na verdade, o papa sempre foi surpreendente, pois seu passado de cardeal apontava para um homem altamente conservador. Contudo, desde sua chegada ao papado, Bento se mostrou aberto ao dialogo, simpático e sobretudo muito acessível aos fieis. 
Foi um papa da paz. Um papa que soube conversar com governos e religiões,  pedindo desculpas ao dizer: "Sim, a Igreja erra, não somos donos da verdade." Foi um homem muito digno desde o inicio do seu governo, até hoje, quando anunciou sua saída de cabeça erguida, sem maiores rodeios e com uma convicção capaz de abalar a todos.
Este homem, me amedrontou na sua chegada, pois confesso ter pensado que ele fecharia as portas da Igreja   em nome do conservadorismo, mas não! Ele soube estar no meio de todos com seus sorriso, com suas saudações. 
Em sua passagem por São Paulo em maio de 2007, pude vê-lo na missa de Canonização de Frei Galvão e ele acenou para mim. Naquele instante, senti que naquele ancião estava um poder invisível  mágico, encantador. O papa trás em si a pessoa de Cristo, pois pela tradição ele dá continuidade à Igreja instituída na pessoa de Pedro. 
Aparentemente, ele era um senhor comum, mas tinha uma aura diferente e mesmo assim, em meio a um milhão e meio de pessoas, ele não se sentia mais importante do que nós. Ao contrário, acenava e nos olhava com aquele olhar de sou igual a vocês. 
Vendo as declarações dos representantes do judaísmo, sobre sua tristeza em ver chegar ao final o pontificado do papa que mais dialogou com essa religião, me orgulho da fé e da coragem desse homem que precisou ser tão grande pra se perceber tão pequeno e frágil como eu ou qualquer um de nós.
Deus te proteja, Joseph Ratinger!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cinquenta tons mais escuros - nova visão a respeito de Cristian Grey

No segundo livro da trilogia do Cinquenta Tons, a história fica mais romântica, com menos agressividade, digamos assim, o protagonista da história se arrepende de seus atos e vai em busca do amor e não simplesmente de sexo. A história fica mais encantadora e permanece surreal sobretudo no tocante ao aspecto financeiro.

É muito dinheiro gasto de maneira irreal para a nossa realidade brasileira, quiçá mundial em tempos de crise. Tudo para o bem da trama, evidentemente.

Ao longo das páginas vai se explicando os motivos que levaram o jovem Cristian a perversão. Contudo, muitas coisas permanecem nebulosas.

Vejamos o que os tons de liberdade tem a nos dizer. Permaneço achando muito ruim a submissão feminina, mesmo que em nome do prazer.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

50 tons de cinza, uma reflexão:

Nos últimos meses, não se fala em outra coisa nas redes sociais. O livro americano tornou-se uma verdadeira febre mundial.

Fiquei curiosa...

Do que se trata afinal?

No inicio, encantei-me com uma história sensual e envolvente. A principio, vi tratar-se muito mais de entretenimento, que de literatura.

O romance moderno (pós-moderno), com elementos contemporaneos da nossa tecnologia, arquitetura, etc, atrelados a uma história ardente de sexo e fetiches. Fetiches esses que vão além de simples brincadeiras, vão ao sadomasoquismo.

Embora a trama tenha muito sentimento, o que prende o leitor, há uma relação doente entre um cara dominador, querendo persuadir um jovem universitária a saciá-lo sexualmente.

Cristian Grey é envovente, isso é fato. Contudo, em dias onde se luta tanto para ver a mulher livre e emancipada, é triste ver Anastasia Stelle sofrer em suas mãos, em nome da paixão.

Provavelmente, esse modo estranho de sentir prazer esteja atrelado a uma infância ainda nebulosa. Preciso ler o segundo livro da trilogia para saber. Contudo, me entristece que ainda haja pessoas que se encantam pela beleza física, pelo poder e pelo dinheiro, que é o que para muitos justifica essa relação que para mim, é doentia.

Amar e sentir prazer não significa dor. Não concordo com muito do que ali está descrito, por mais prazer e orgamos que causem, ainda prefiro uma relação de respeito mútuo. Pois mesmo não tendo acesso a primeira classe e presentes caros, afirmo que é possível ser feliz e estar satisfeita em  todos os sentidos.

Cinquenta tons de cinza, são para ser lidos e permanecerem apenas na ficção. E tenho dito.