quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tróia:

Esse artigo pretende refletir um pouco sobre a nossa realidade atual, usando como base, a análise de dois pequenos trechos presentes no filme Tróia, de 2004, estrelado por Brad Pitt e Orlando Blon. Muito mais que um elenco grandioso, o filme reúne em um cenário belíssimo, fotografias caprichadas e muita tecnologia a fim de recontar um dos episódios de A Ilíada, clássico de Homero.
A história conta a guerra de Tróia ocorrida há 3200 anos atrás, que teria ocorrido quando o principe Páris (troiano), se apaixonou por Helena, esposa de Menelau (espartano). Páris resolve levar a amada consigo para Tróia, detonando o estopim de uma guerra contra Esparta. Para auxiliar os espartanos, Aquiles segue para a batalha, protagonizando uma batalha histórica, a fim de tornar sua glória imortal.
As cenas que contam toda essa narrativa são bem elaboradas e dão um grande realismo a esse clássico da literatura mundial, que também marca o início da História (se é que isso é possível). Pois bem, desse rico enredo, destaco dois diálogos, a fim de fazer algumas considerações que considero importantes.
"A História se lembra dos reis, não dos soldados." - Agamenon.
"Soldados lutam por reis que nunca conheceram, fazem o que lhes é mandado, morrem quando lhes mandam morrer. Não perca a sua vida seguindo as ordens de um tolo qualquer." Aquiles.
É evidente que o filme é uma adaptação dos dias modernos, que não se preocupa em ser totalmente fiel ao poema homérico, mas, essa citação, independente da época de sua citação, corresponde a uma verdade, pois a história oficial - a que chega até nós, principalmente no senso comum - desconsidera os coadjuvantes do processo histórico, criando heróis e omitindo os reais responsáveis por um acontecimento.
A história que nos é passada, inicialmente, é a história dos vencedores. Uma história filtrada, cheia de elementos miraculosos e belos, capaz de encantar e formar uma idéia mágica, mística, maravilhosa ou até fantástica a respeito de certos acontecimentos. Essa, é a história positivista, que foi contada por décadas na escola. Aquela comemorativa, celebrativa, que fez do historiador (por décadas), um mero contador de eventos, e por isso mesmo, um mero cerimonialista dos fatos.
Essa é a história que a academia luta para rever, para desmistificar. Porém, a memória é lenta, o que significa que essa tarefa levará um longo tempo para ser concluída, ou simplesmente não o será.
Lembrar do rei, é esquecer da dor e do sangue derramado em nome da ambição , do egoísmo, dos interesses pessoais e por razões futeis e/ou indolentes. Lembrar do rei, é desconsiderar os que o protegeram e deram a vida para garantir suas vitórias.
Muito se fala em Napoleão Bonaparte, pouco se comenta a respeito dos homens que foram obrigados a colocar em prática as sandisses do imperador francês. Homens anônimos, que deram a vida por um projeto que pouco se conhecia.
As duas frases se complementam e nos dias de hoje, pode-se dizer que fazem sentido, pois muitos seguem caminhos irrefletidamente. Doam-se de olhos fechados para um sistema inescrupuloso, incapaz de requerer a dignidade humana no curso de seu desenvolvimento. É o caso do funcionário que dá seu suor por empresas que nunca o verão como um ser, mas, que o reconhecem como pura e simplesmente um número.
Portanto, essas falas de Tróia não narram apenas a guerra entre gregos e troianos, mas, narram um cotidiano de omissão em que as pessoas se deixam levar por falsos heróis e falsas ilusões. Mostra também que as pessoas aceitam passivamenta as situações, sendo manipuladas, sem saber para que estão lutando. Mesmo que seja contra si.

4 comentários:

  1. E o papel da História nova???
    A História do beijo etc... ajuda a construir essas posturar de contador de fatos que não ajuda em nada na construção de um conhecimento critíco sobre um determinado período e qual eram as verdades postas, você certamente no ensino fundamental estudo com um livro de Marío Schmidt a Rita adora esse autor nossa o cara de fato é muito bom ele faz em um dos seus livros uma comparação chocante entre a burguesia e proletariado.
    É preciso ter um olhar critíco para determinadas coisas...

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  2. Confesso que qdo eu escrevi nem me lembrava da História Nova, sou mais inclina da ao marxismo! rsrsrsrs.

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  3. Com relação a postura teorica estou tentando me definir ,pois tenho afinidade com temas relacionados a gênero logo tenho lido textos anarquistas, mas não deixo de lado as leituras marxistas pois tenho muito respeito pela Emilía Viotti e é por isso que caminho entre o anarquismo e marxismo.
    Mas estou descobrindo textos também da Emma Goldman e enfim estou em um momento de descoberta.
    Acho que estoumais inclinada para o anarquismo, mas ainda é cedo preciso ler mais...

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  4. Nem se preocupe, porque quando a gente tá na graduação fica confusa mesmo. E quando termina também... rsrsrsrs.
    Porém, no Brasil, é dificíl seguir outra linha que não a marxista, porque a nossa formação acadêmica se pauta muito nessa linha.
    Estudei com o Rago, o Coggiola e o Murilo Leal, na pós, então, não tem como não fugir do marxismo.
    Conheci a Emilia Viotti há uns 5 anos e ela foi bem bacana, porque ela leva essa coisa toda numa tranquilidade imensa.
    Hoje vejo que a gente precisa dosar bem essas teorias, usá-las como linhas e não como dogmas.
    É fundamental equilibrar bem as visões.
    Estou num momento de paixão maior pela cultura, então, minhas leituras estão todas nesse campo. Leio teorias e biografias da MPB. To pensando em fazer mestrado em filosofia.
    Estudar abre a nossa mente e o nosso interesse pra mil e uma possibilidades.
    Acho que ta aí o tesão da coisa.

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