domingo, 28 de junho de 2009

40 anos depois...

Essa imagem é reflexo dos quarenta últimos anos de descaso com a Educação no Brasil. Período este, em que houveram várias modificações no sistema, através das novas LDB's (Leis de Diretrizes e Bases da Educação). Num primeiro momento, o Brasil, da ditadura nascente, estava na vigência da LDB de 1961, uma educação voltada para o trabalho, onde o ensino se dividia em: primário, admissão, ginasial e colegial (normal, científico e o magistério).
A educação era estendida a grande parte da população, não tendo os aspectos elitistas das duas décadas anteriores, mas, os novos alunos eram co-responsáveis por sua formação. A imagem, reflete a cobrança da família com relação ao bom desempenho do estudante, pois se entendia que era na escola que se tinha início um futuro brilhante.
A seguir, veio a nova LDB, de 1971, em que se dividia o ensino em 1º e 2º grau, com acesso amplo às escolas, sobretudo nas grandes cidades. Começava uma precarização gradativa, que objetivava tirar dos estudantes a consciência social e política dos mesmos, a fim de se evitar a união deles contra a opressão do governo militar, que reinava absoluto às custas da violência e do autoritarismo.
Coincide com esse processo, o Milagre Econômico Brasileiro, momento em que a economia aparentemente prosperava, a fim de ludibriar a maioria da população, para que essa não questionasse as atitudes do governo brasileiro, que além de comandar o país com mãos de ferro, entregava-os às mãos do capital internacional, num caminho sem volta. Era preciso uma educação que formasse trabalhadores, apenas, não intelectuais, pois estes, eram a grande pedra no sapato do governo, desde 1964, momento em que o Golpe Militar se instalou.
Por último, após a pseudo-democracia do Brasil, a Educação foi sendo desvalorizada, através da falta de infra-estrutura, dos baixos salários dos profissionais de educação, etc. Mas, era preciso dar um basta na grande vergonha nacional, que eram os altos índices de analfabetismo, em plena década de 90.
Por outro lado, a Educação não poderia avançar tanto, porque segundo a nova constituição de 1988, o voto era obrigatório. Portanto, eleitores conscientes representariam um perigo e tanto aos novos governantes, que necessitariam deste momento em diante, do voto de milhares de pessoas.
Em 1996, foi lançada uma nova LDB, cuja finalidade era adaptar-se a essa nova realidade. Mudam-se novamente as divisões e objetivos do ensino: Fundamental e Médio, onde o primeiro se subdivide em I e II, o primeiro com relação ao primário e o segundo, com relação ao ginasio. A nova lei, previa uma incrível inclusão.
A Educação passou a incluir a todos, não para que todos tivessem conhecimento, mas, para que os números pudessem mostrar uma evolução nos tais índices vergonhosos. Para obter empréstimos, houve uma reestruturação até mesmo dos prédios onde o ensino era dado. Em S. Paulo, por exemplo, as escolas foram separadas, a fim de oferecerem ensino fundamental e médio em ambientes diferentes, para atender a uma exigência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento - ligado ao FMI).
Para completar o pacote, era necessário acabar com os altos índices de repetência e evasão escolar, foi implatado o sistema de progressão continuada no ensino, em que o aluno só reprovaria ao final dos ciclos de estudos, na 4ª série e na 8ª série do Ensino Fundamental. Esse projeto pedagógico, originado na Inglaterra, consistiu num verdadeiro desastre, pois, o que se tem atualmente são milhares de alunos formados, com inúmeros problemas de aprendizado, compondo uma grande massa de analfabetos funcionais.
Tudo isso, resultou um caos, que se aprofunda a cada dia, em que o professor perde a autoridade, a dignidade e o respeito, pois não tem valorizada a sua profissão. A sociedade, por sua vez, delega à escola toda a responsabilidade pela educação da pessoa desde a mais tenra idade, não apenas a formação intelectual, mas toda a plenitude da palavra, desde os hábitos triviais da pessoa humana.
Sendo assim, o professor é responsabilizado por todo o processo, e o aluno, fica cada vez mais isento de seu cumprimento de dever. Muitas famílias cobram dos professores, pelo mau desempenho de seus filhos, como se estes tivessem culpa pelo descompromisso, falta de zelo e interesse em aprender.
Essa imagem comparativa, portanto, mostra o caos de toda essa trajetória. Cabe a todos nós mudar esse quadro, pois, um país que deixa a Educação chegar a essa situação caótica, perde a genialidade de toda uma geração e é isso que tem ocorrido nas últimas décadas. Quantas gerações mais deixaremos se perder?

2 comentários:

  1. Luana o problema está na concepção de família que mudou muito, hoje não existe mais aquele modelo da dedaca de 70 e a sociedade já não é mais a mesma.

    Eu sou totalmente a favor dos direitos da criança e adolescente entretanto a escola deve entender que também existe deveres e orgãos responsaveis, como conselho tutelar que tem como dever asegurar direitos mas também demonstrar a essa crianças seus deveres.
    Já que a criança não deve ser penalizada pois isso pode trazer um trauma e coisa e tal que penalize os responsaveis então.
    E ciclo só funciona na Europa...

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  2. Concordo plenamente contigo, mas eu penso o seguinte: se a sociedade e a família mudaram, porque a escola continua a mesma?

    Além da estrutura arcaica, a gente tem de conviver com a barbárie dessas novas leis que são excelentes na Inglaterra, como vc mesma mencionou, e a cada dia, temos salas de aula cada vez mais superlotadas.

    Por outro lado, o nosso salário é o mesmo de tempos anteriores, chegando a representar 1/3 do que era na década de 70 e as nossas funções não param de aumentar.

    Antigamente, o professor apenas lecionava. Hoje, temos de ser mãe, psicóloga, babá, enfermeira, palhaça, assistente administrativa, etc. Gastamos mais tempo com outras funções, do que com o ensino propriamente dito.

    Por isso, fiz tal comparação.

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