domingo, 8 de novembro de 2009

Intolerância na UNIBAN:

O que dizer da patética cena protagonizada pela aluna da UNIBAN (Universidade Bandeirante de São Paulo), no Campus São Bernardo do Campo, no último dia 22? Na ocasião, Geysi Vila Nova Arruda estava assistindo aula com seu minivestido, quando foi fotografada por colegas nesses trajes e a seguir sofreu uma humilhação pública, sendo xingada por milhares de colegas da faculdade.
Barbaridade. Esse é o primeiro termo apropriado. Ele se refere às grosserias cometidas por estudantes preconceituosos que em pleno século XXI, se preocupam com as vestimentas alheias.
São hipócritas que criticam o vestido da moça, dizendo que ele fere a moral e os bons costumes, mas, essas mesmas pessoas, muitas vezes, saem com prostitutas e travestis às escondidas. São pessoas que apontam o que consideram ser um erro da outra pessoa, para desta maneira esconder seus próprios erros.
Essa agressividade toda não combina com uma juventude que não quer ter compromissos quando o assunto é sexo. Não combina com uma sociedade individualista como essa em que a gente vive, onde mal se conhece os vizinhos de casa.
A atitude também reflete o preconceito contra a mulher. Ninguém achincalha gratuitamente um cara que exiba as partes do seu corpo em camisas abertas, por exemplo. Essas pessoas, devem provavelmente acreditar que quando um estupro acontece isso se deve ao fato de a mulher ter "provocado" o abuso. Como se ela fosse culpada pelo crime. Como se o homem fosse um animal que despertada a sua fome, tivesse esse direito.
Ontem, a UNIBAN expulsou a aluna, divulgando uma nota publicada em todos os principais jornais, para mais uma vez humilhar a aluna, colocando a opinião pública a par de um assunto que deveria ser resolvida na própria instituição. Os argumentos, obviamente são machistas e refletem o preconceito e a hipocrisia que estiveram presentes ao caso desde o início.
Fala-se que a Geysi teria um comportamento imoral há tempos. O que é moral, numa sociedade como a nossa? É vestir-se bem e roubar as pessoas, como fazem nossos representantes?
Muitos a acusaram de ser prostituta. Qual o problema? O fato de uma mulher vender seu corpo, não pode excluí-la do acesso à Educação. Na universidade em que estudei, por exemplo, havia muitas garotas de programa, porém, nunca tivemos esse tipo de problema, pois para a maioria dos estudantes, isso era problema delas e não nosso. Lembro-me que até mesmo travestis usavam o banheiro feminino e eram respeitados por nós, pois a nosso ver, quem estava conosco eram pessoas humanas, independentemente do gênero.
Que esse lamentável episódio possa nos fazer refletir a respeito de intolerâncias, preconceitos e conceitos como moral e ética. A essa altura da História da Humanidade não é mais possível conviver com os velhos paradigmas e hipocrisias do passado.
Se as pessoas querem viver a própria vida sem depender de ninguém, tem que encarar a vida das outras como algo que também não lhes diz respeito. Deixem a roupa dos outros, seus comportamentos e atitudes em paz!

3 comentários:

  1. Parabéns pelo post!

    Esse acontecimento nos remete dentro da historiografia como "Velho travestido em novo", para quem acredita que o patriarcado-machista não está intimamente ligado ao novo dia-dia está muito enganado.
    Essa postura séria "aceita" em outros tempos, mas não agora, entretanto como na longa duração podemos deixar velhos maus hábitos de lado?
    Por isso que sou feminista pelo fato de acontecimentos como esse ainda estar presente no nosso dia-dia.

    Mas o preocupante é que isso acontece freqüentemente, mas não chega a empresa.
    Vamos pensar um pouco em como deve ser a condição de muitas mulheres nos cantões do Brasil ou nas nossas periferias ou até mesmo na classe média não ilustrada?
    E nas classes altas por que não, aquela jornalista não foi morta pelo namorado? Aquele médico não abusou sexualmente de muitas mulheres extremamente ricas?
    ]
    Pois então para aqueles que acham questão de gênero frescura de acadêmicos tidos moderninhos (Como meu professor sempre fala.) Está ai uma questão posta.
    Por que no país do carnaval uma jovem é expulsa de uma universidade por conta de um mini vestido?
    Existe data para nudez no país?
    -Olha aqui você está perdida amiga é somente no carnaval que nós permitimos isso?
    FALSO MORALISMO!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. A manifestação organizada pela Marcha Mundial das Mulheres e Une foi de extrema importância para mostrar que existe estudantes politizados e com ideias.
    Diferentimento daqueles que tentaram agredir Geise.

    "A violência contra a mulher não é mundo que a gente quer." Foi cantada por diversas vezes por integrantes da Marcha e Une para sensibilizar os estudantes da Uniban contra a violência, entretanto para muitos a culpada é sim a jovem estudante.

    O debate Mtv abordou esse tema na noite de ontem 10-11-2009 e para quem não foi atingido com o apagão ou como está sendo chamado "O ensaio sobre a cegueira de São Paulo" pode acompanhar um programa repleto que questionamentos, quero mais uma vez parabenizar a postura das meninas da Marcha que no debate estava representada pela querida Tica.

    Repito aqui o que foi dito ontem pela Tica no programa Debate Mtv:
    - O movimento feminista existirá enquando houver mulheres em condições de agreção seja ela qual for.

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  3. Eu é que devo te parabenizar pelos comentários, Taís!

    É inconcebível que em pleno século XXI, sejamos obrigados a ver cenas lamentáveis como essas em que uma mulher é vista como objeto e destratada de maneira tão grotesca.

    Isso reflete a falta de Educação desse país, que forma universitários preconceituosos e medíocres. Isso é muito sério.

    Imagine um médico, por exemplo, que tenha esse tipo de pensamento mesquinho. Vc acredita que ele salvará a vida de alguém que ele julgue inferior a si?

    É preciso repensar os valores, a moralidade, a ética e tudo o mais, esses conceitos podem fazer a diferença entre vida e morte, inclusive.

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