segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O ano só começa depois do carnaval.

Todo o ano é assim! Depois das festas de fim de ano, as coisas se arrastam, se arrastam e nada começa. Há um festival de embromation pra todos os lados. Junto com o verão, vem aquela preguiça e o forte desejo de não começar nada até que venha o carnaval.
Na festa da carne, eis que surgem as orgias, as malícias e todo o tipo de luxúria. O negócio é pecar em 4 dias o equivalente à satisfação do ano todo. No Brasil, esse clima é ainda mais acentuado.
As pessoas vivem um ano inteiro de dificuldades pra ver tudo rolar nesses dias. Assim são os barracões das escolas de samba, os blocos, as troças e assim por diante. Todo o rico dinheirinho de pessoas humildes investidos numa festa.
Em Recife e Olinda, por exemplo, não existem outras atividades no inicio do ano. Tudo redunda em carnaval. Os ensaios e o frevo tomam conta das duas cidades. Tudo é motivo pra troças, passistas e blocos sairem às ruas.
Tudo o mais é esquecido. A falta de saneamento de Olinda, a sujeira do Centro do Recife, a marginalidade, a disputa politica no PT local que coloca o atual prefeito e seu antecessor em lados opostos. Tudo vira festa. Os problemas vão-se pelo ralo.
Até que na quarta-feira de cinzas, ressurgem juntamente com o Bacalhau do Batata. Nesse momento, vem à tona, as tristezas e dissabores do cotidiano de vidas dificeis.
Quando acaba o carnaval, aí sim, tudo volta ao normal. As noticias no rádio e na televisão. Os programas voltam a ser ao vivo, as pessoas retomam sua velha e amarga rotina de contas a pagar. O mundo real se mostra novamente.
Há as dividas da folia e mais um ano de desafios pela frente. Mais um ano a se pensar sobre os rumos que as coisas na vida toma. E quem sabe, um ano para se pensar se vale ou não a pena investir tudo o que se tem para se transformar em cinzas.
Esse é o Brasil das hipocrisias. Um país onde o pobre se enche de luxo pra fazer a festa pros gringos... Madona e Paris Hilton que o digam...
Um país que sempre depois da beleza, vê os mortos nas estradas, o balanço e o saldo das falsas ilusões. Brincar o carnaval tem seu preço...
Sendo assim, que esse ano comece diferente dessa vez. Com Arruda na cadeia e Kassab cassado, quem sabe as coisas entrem nos eixos. Ou não...
Não resta mais nada a dizer, a não ser. Feliz ano novo.

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