terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Jardim Romano:

Há quase um mês, temos acompanhado na mídia uma incrível tragédia que se abateu sobre centenas de famílias que residem às margens do Rio Tietê, num bairro muito populoso e até pouco tempo desconhecido: o Jardim Romano. As últimas chuvas de primavera deixaram naquele local um rastro de destruição, que culminou com um alagamento que já dura dias.
Sobre isso é preciso esclarecer ao amigo leitor. Primeiro, que essa problemática não é tão simples quanto parece. Não foi apenas a chuva que alagou o Jardim Romano.
A chuva e o consequente alagamento, são reflexo do descaso do Estado para com a região como um todo. Ele ocorre há décadas, desde o final da década de 60, quando as primeiras famílias foram residir na varzea do Tietê. Reza a lenda, que teria sido o bisavó do meu namorado um dos primeiros habitantes do local, fato que coincide com o sobrenome da familia do meu amado.
Lendas a parte, o que sei a respeito do bairro, é que desde os anos 70, ele enfrenta problemas sociais sérissimos. Quando a minha mãe lecionou na escola mais famosa do bairro, a E.E. José Bonifácio, os relatos dela são de miséria por parte da comunidade que residia no entorno da escola.
Ela não é a única a contar histórias trágicas, no exercício do magistério, deparei-me inúmeras vezes com colegas que também trabalharam na mesma escola e tem como memória casos de violência que envolveram seus alunos e a si. Há muito o que se escrever sobre isso.
O Jardim Romano é o extremo leste do descaso das autoridades. O que muito me espanta, é que só agora as autoridades resolveram verificar que há muito tempo as familias residem num local irregular.
Fico pasma com o tal defeito que ocorreu na estação de tratamento de esgoto da Penha, o qual nem se menciona providências e punições aos supostos responsáveis por essa lambança que destruiu vidas e sonhos de tanta gente. Pessoas simples, que pagam impostos altíssimos para conviver em meio a total falta de infra-estrutura.
Até quando as autoridades vão lidar com os problemas estruturais de uma cidade desestruturada, que cresce desordenadamente, como S. Paulo, usando de soluções paleativas? Será que se o alagamento fosse numa região nobre, a situação teria chegado a esse ponto?
Depois da tragédia, por se tratar de um momento pré-eleitoral, as autoridades imediatamente compareceram ao Jardim Romano à luz dos holofotes, claro! Mas, onde estavam elas antes?

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