terça-feira, 5 de outubro de 2010

Alckimin de volta:

Essa semana, ao me deparar com o resultado da eleição para o governo do Estado de São Paulo, pela primeira vez na vida, tive vergonha de ter nascido nesse estado. Um estado onde as pessoas não tem memória e não se compadecem da dor do outro.
O pior da eleição de Geraldo Alckimin, encontra-se no fato de ele pertencer a um grupo, ou melhor, a um partido político que desrespeita as pessoas. Um partido que implanta uma política de precarização dos bens públicos e do entreguismo ao setor privado.
Escutei de alguns, que o político é menos ruim que seu sucesso José Serra. Pessoalmente, até pode ser. Mas, não se pode desconsiderar que o mesmo foi seu secretário de governo e que portanto, o ajudou a implementar uma política de maldades.
As críticas que faço ao tucanato, não são vazias, elas se sustentam, na realidade, em fatos como as greves do funcionalismo que foram sufocadas pela violência, pelo autoritarismo, pela falta de diálogo, enfim, pela humilhação à aqueles que dedicam suas vidas a trabalhar em prol da sociedade, que no fim das contas, lhes dá as costas. Refiro-me a guerra entre as polícias, onde civis e militares se enfrentaram a mando do então governador José Serra e a greve de professores.
O tucanato paulista, incutiu na cabeça dos paulistas, que aqui não há pobreza, que não se necessita de programas sociais, que São Paulo está num outro patamar em relação ao resto do país. A isso, chamo de pseudo-burguesia. Eles camuflam a realidade e fazem as pessoas acreditarem que votar no 45 é sinônimo de status, de poder.
Aí, as pessoas se esquecem do aperto que enfrentam no ônibus, metrô ou trem lotados, em idas e voltas cada vez mais demoradas no percurso de casa ao trabalho. Esquecem dos inúmeros impostos que pagam de janeiro a abril. Não se dão conta de que a cada dia que passa, o salário está ficando menor e que não se tem mais qualidade de vida.
Como a maioria não é de funcionários públicos, pouco se importam com a diminuição dos salários dessas pessoas, que a cada ano fica menor em relação ao salário mínimo. O individualismo, impera cada vez mais.
No fim das contas, é isso mesmo. Pensar só em si. Esse é o jeito paulista de ser e de governar. As pessoas tem a falsa sensação de que não precisam mesmo de mais ninguém. O governo de São Paulo até nem vai buscar todas as verbas a que tem direito para a Educação.
Alckimin de volta, representa a continuidade de uma política que ignora os mais pobres em detrimento de uma burguesia que se omite, que olha o próprio umbigo o tempo todo. Fica um gosto amargo na boca, um gosto de fel. As lembranças de um cotidiano de greves, paralisações, arrocho salarial e desempregos no serviço público.
Como sempre, veremos a máquina pública ser enxugada no que se refere a professores, médicos, policiais, enquanto os burocratas continuarão em seus gabinetes, metendo o nariz em setores que não conhecem (será por isso que são chamados tucanos?), proliferando as mesmas mazelas que estamos acostumados a ver nas últimas décadas.
Fazer o quê se a maioria dos paulistas vê a miséria, concorda com ela e ainda a aplaude?

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