sábado, 10 de abril de 2010

Alexandre Orion, a exposição:

Está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, uma exposição muito legal (recomendadíssima), de um artista plástico que instiga olhos e mentes, com uma proposta artística que vai além de uma simples obra. Ele obriga-nos a refletir sobre política, poluição, imposição, autoritarismo, vida e morte, por que não? Trata-se de Alexandre Orion, um homem capaz de usar talento e sensibilidade para expressar em forma de arte e denúncia o mal que a poluição nos causa.
Munido de um pano, o artista em 2008 foi ao Túnel Ayrton Senna, desenhar caveiras, que representam a morte de muitas pessoas, vítimas da poluição. Demonstrando assim, o grande mal que a fuligem causa aos transeuntes das grandes cidades brasileiras. Sua obra entitulada Ossário (nome muito apropriado, inclusive) revela-nos a fragilidade humana e o descaso das autoridades, estas, nos deixam respirar um ar de péssima qualidade, incentivando-nos a utilizar cada vez mais os meios que agridem nosso organismo e o meio ambiente.
Para quem não se lembra (ou não conhece a história), a obra de Alexandre foi duramente reprimida pela prefeitura de S. Paulo, que ao perceber do que se tratava, mandou polícia, depois CET (em plena madrugada) e por último, uma equipe de limpeza pública para limpar o Túnel Ayrton Senna, impedindo assim, a propagação da obra e sua consequente repercusão.
O autoritarismo utilizado contra o artista, revela o descomprometimento com questões fundamentais, como vida e morte, por exemplo. Para muitos, fuligem é algo banal, para alguns (me incluo nesse grupo), em certas circunstâncias, ela pode debilitar seriamente e até ser fatal.
O Ossário de Alexandre Orion, é uma possibilidade individual e coletiva de repensarmos hábitos, práticas, políticas públicas e preservação do meio ambiente em espaços grandiosos como S. Paulo. É impressionante, mas, no geral, as pessoas dissociam as questões ambientais do espaço urbano, como se a natureza existisse somente no campo. Como se respirar ar puro só fosse necessário em certos lugares. Como se fosse um luxo ter qualidade de vida todos os dias, no lugar onde se vive a rotina cotidiana.
Alexandre Orion tem conteúdo valioso pois com apenas um pedaço de pano e uma faxina, resgata uma série de sentidos que se perdem em meio ao trânsito caótico da megalópole. Pena, essa sensibilidade ter sido aguçada só agora, por iniciativa dessa maravilhosa esposição do CCBB. É lamentável que a Prefeitura tenha impedido sua ação e limpeza na cidade. Bom seria, se a limpeza urbana de Kassab chegasse aos lugares sem visibilidade, como na periferia.

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