sexta-feira, 9 de abril de 2010

O fim da greve dos professores:

Foi encerrada ontem a greve dos professores paulistas, que já completava um mês em curso. Historicamente, essa greve da categoria foi a mais difícil, devido ao autoritarismo da Secretaria da Educação e do então governador de S. Paulo, José Serra.
Ainda há um enorme ponto de interrogação, pois não se sabe ainda ao certo, o que acontecerá. O mais provavel, é a punição dos professores grevistas, com o corte de seu pagamento no próximo mês de maio.
Isso, evidentemente, reflete o descompromisso do PSDB com a Educação paulista. O partido que governa o Estado desde 1995, ao longo desse período, precarizou e contribuiu para que houvesse uma falência nessa área. Falência essa explícita, inegável e vergonhosa, expressa sobretudo nos índices, que revelam que o ensino está muito ruim.
Ao longo dos últimos 15 anos, a Escola Pública foi atacada por uma ideologia que prevê o maior descompromisso do Estado com a Educação, sendo assim, é possível entender porque o magistério tem sido tão atacado. É impossível ministrar um bom trabalho em salas superlotadas, escolas sem infra-estrutura e acessibilidade, com salários miseráveis, materiais com erros grosseiros e assim por diante.
O professor, tem sido vítima de um processo criado para desestimulá-lo, que retira sua autoridade e sobretudo, coloca sua auto-estima em baixa. A progressão continuada, por exemplo, desautoriza o trabalho docente, sobretudo, nos anos iniciais. Aqui, não se trata de uma defesa da reprovação. Não é isso. Trata-se da reflexão em torno de práticas pedagógicas capazes de impedir o avanço de alunos que não tem condições de acompanhar a série seguinte.
Talvez, com a possibilidade de uma recuperação efetiva, que faça o aluno empenhar-se verdadeiramente para aprender, e não que o ampare totalmente em suas falhas, como vem ocorrendo.
O final da greve dos professores, tem como ponto positivo, uma discussão por parte da sociedade, que visa levar à reflexão essas questões e muitas outras. Contudo, há muitos oportunistas, pessoas sem experiência na atividade docente, que tentam opinar e defender posições, sem saber o que se enfrenta numa sala de aula.
É muito fácil, dizer que os professores são culpados, mal formados ou acomodados. Difícil é conviver com a violência no processo educacional, com o baixo salario, com jornadas de trabalho estafantes, com material precário, com limitação da liberdade de cátedra e assim por diante.
Digo isso, porque no último mês, a imprensa deu apenas uma versão dos fatos. O professor foi calado, não tendo como se defender dos ataques de jornalistas, economistas e outros especialistas, que não tem uma prática no magistério público, para dizer com propriedade o que estão dizendo.
Não foi dada a oportunidade para que o profissional da Educação falasse por si mesmo e desse a sua versão para a greve. Esse movimento, não foi ocasionado pura e simplesmente com fins eleitorais, isso faz parte do contexto. O motivo gira em torno da demissão de 45 mil professores, precarização nos contratos de trabalho, falta de aumento salarial, concurso insuficiente, etc.
Obviamente, qualquer movimento num ano eleitoral, pode ser interpretado dessa forma, isso se dá pelo fato de o patrão ser o administrador do estado. Se as coisas não estão bem, ele paga o pato, isso é normal. Ninguém reclama de quem o trata bem, não é mesmo?
A APEOESP, que tem sido acusada de fazer uma campanha em favor de Dilma é um sindicato plural, cujos associados simpatizam com diversos partidos diferentes, na sua maioria de esquerda. Com mais de 100 mil associados, seria impossível congregar todos em uma corrente só.
Por fim, que a luta não se encerre aqui. Que ela permaneça em prol de uma Educação de qualidade, que se faz com infra-estrutura, menos alunos por sala e salário digno.

2 comentários:

  1. Nossa, eu não acredito que os professores que participaram da greve ainda vão ter que receber uma punição, uma punição por lutar por seus direitos. Eu sou aluna de uma escola estadual e consigo ver a dificuldade que alguns professores tem por causa da grande quantidade de alunos, na minha sala ano passado tinham 47 alunos.

    Realmente a Educação nas escolas estaduais estão pessimas.

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  2. Minha cara Princesinha, é essa a São Paulo que está cada vez melhor, como a propaganda nos diz. Resta-nos saber, para quem, né?

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