sábado, 5 de setembro de 2009

São Paulo, a cidade neo-liberal do século XXI:

As vezes, em minhas divagações de historiadora, me pego pensando, em como será, quando um cientista social e humano como eu, pegar os registros para estudar a cidade em que vivo agora. Provavelmente, ele recorrerá a arquivos digitais, onde verá imagens incriveis e registros bizarros, de uma cidade onde há greve da segurança pública, em que há contratos de merenda escolar duvidosos, e todo um projeto neoliberal por trás disso.
Verá, talvez incrédulo, o descaso com que se tratam as regiões mais pobres da cidade, onde a ausência do poder público se faz presente, seja nos altos índices de crimes, ou na falta de serviços essenciais, que se refletem em falta de postos de saúde, vagas em creches, saneamento básico e assim por diante. Concluirá, portanto, a existência de várias realidades distintas, numa mesma municipalidade, onde há um cuidado extremo com algumas regiões e o relaxo total e absoluto com outras.
Além disso, verificará que mesmo em meio a uma epidemia, a municipalidade força alunos e professores a estudarem aos sábados, a fim de recuperar o dinheiro gasto com o salário dos mestres, que não trabalharam por quinze dias, devido ao péssimo sistema de saúde que vigorara na cidade, no estado e no país.
Os arquivos do futuro, certamente guardarão registros de tempos nefastos, em que se ludibria a população com belíssimas propagandas, onde as pessoas comuns se esforçam gigantemente para honrar seus compromissos e são desconsideradas por seus representantes. Haverá a imagem de uma cidade que não pára de crescer em proporção e problemas sem solução, como os buracos das ruas, a violência no trânsito, etc.
Nesse momento, o estudioso se perguntará, com tantas evidências de descaso com a população, porque a população não deu as respostas nas urnas?

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