segunda-feira, 13 de abril de 2009

Comemorações do mês de abril - uma reflexão!!!

Todos os anos, no mês de abril, é sempre o mesmo ritual: comemoração em homenagem à Pascoa, seguida pelo Dia do Índio e por último, pelo Dia de Tiradentes. Nas escolas de ensino infantil, confesso que percebo tais datas como sendo muito agradáveis, pois muito me alegra ver as crianças enfeitadas de coelhinho, indiozinho e assim por diante.
Porém, pra nós que já estamos bem crescidinhos, essas são datas que merecem uma profunda reflexão. A respeito da Páscoa, não tenho muito mais a acrescentar, pois a este respeito, já discorri o suficiente, em artigos anteriormente postados, mas, devo escrever sobre os outros dois temas.
Quanto ao dia do índio, devo dizer que é a celebração da hipocrisia do país que acabou com a cultura indígena, usurpando destes sua terra, suas vidas e dando-lhes em retribuição violência em todos os seus aspectos. Celebra-se a data, mas não se toca nas profundas relações existentes entre brancos e amarelos.
É como se a invasão de suas terras, o extermínio de sua gente, a imposição religiosa, etc. fossem algo natural. Como reflete sobre esse assunto o historiador Osvaldo Coggiola (professor doutor da USP), o maior extermínio da história da Humanidade não foi contra os judeus na Alemanha do século XX, mas, aquele cometido na América a partir do século XVI, com a chegada de espanhóis, portugueses e ingleses.
Em meus estudos de graduação, fiquei abismada ao estudar Antropologia Cultural, quando adentramos no conceito de Guerra Justa, que consistia em expulsar os índios das regiões que interessavam aos colonizadores, através de algumas estratégias:
1 Catequese
2 Destruição de suas moradias (através de incêndios, por exemplo)
3 Contaminação (infectando-se a água que oos abastecia, ou transmitindo-lhes doenças, como a gripe)
Enfim, foi assim que se desenhou a história das Américas Espanhola, Inglesa e Portuguesa. Basta nos pensarmos, que quando os portugueses começaram a colonizar o Brasil, a população indigena era de milhões de pessoas, e que hoje ela se reduz a cerca de milhares, e que estes que sobram, estão contaminados com a aculturação. Para nós, é engraçado ver indio de roupa, acessando a internet, mas, pra ele chegar nesse estágio de "civilização", foi necessário que ele perdesse sua crença, seus valores e incorporassem outros, que não lhe são próprios.
Quanto à Tiradentes, é preciso que se diga que esse herói, que tanto se enaltece, é um mito construído pela República, para legitimar o seu poder. O homem Joaquim da Silva Xavier, não foi um poço de virtudes, nem exerceu toda a magia que se lhe atribui a história oficial, ao contrário, pesquisas demonstram que seu virtuosismo esteve presente muito mais em locais marginais de Vila Rica - como prostíbulos, bares, etc - do que entre as camadas privilegiadas de seu tempo.
Há historiadores que muito se esmeram em desmistificar todo esse clima de salvador da pátria que está envolto na imagem de Tiradentes. Imagem esta, feita a partir da semelhança (construída) com outro grande mártir: Jesus Cristo.
É preciso que as novas gerações reflitam a esse respeito, para não reproduzir os equívocos celebrados em seu tempo. Por fim, devo acrescentar que é lamentável o país celebrar essas invencionices republicanas, e desconsiderar uma data como a que nos remete à fundação do próprio país.
Não que se tenha muito a comemorar é verdade, pois o 22 de Brasil também nos remete a refletir sobre toda a exploração a que fomos expostos e expusemos a outros, mas é uma data bem mais razoável e lógica, não acham?

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