sexta-feira, 24 de julho de 2009

Matar ou Morrer - a história de Euclides da Cunha:

Esta semana, li o livro de Luiza N. Eluf, Matar ou Morrer. Tive a oportunidade de receber tal obra, das mãos da própria autora, num evento sobre os 100 anos de morte de Euclides da Cunha, realizado no CIEE em São Paulo, no mês de abril do corrente ano.
Na ocasião, fiquei encantada com a atitude da autora, que diante de 300 pessoas, questionou os critérios da imortalidade na ABL. Pois bem, Luiza, de maneira brilhante, chamou a atenção de todos com relação ao papel da mulher na sociedade e discorreu de maneira leve e inteligente, sobre o espaço que esta ocupa no século XXI, ressaltando as dificuldades, ampliando essa situação para o caso Euclides da Cunha, ocorrido em 1909.
Pra quem não sabe o que se passou, é preciso esclarecer: Euclides da Cunha, foi um brilhante intelectual na transição entre os séculos XIX e XX, que também foi militar e engenheiro, além de historiador e jornalista. Ele cobriu a Guerra de Canudos (ocorrida no sertão baiano, liderada pelo beato Antônio Conselheiro), para um dos principais jornais da época, que hoje é conhecido como O Estado de S. Paulo. Da experiência, foi escrita sua obra prima, o livro Os Sertões. Reconhecido por seu brilhantismo em sua própria época, Euclides teve morte precoce e comovente, em 1909, tendo sido assassinado por Dilermando de Assis, amante de sua esposa Anna.
A autora de Matar ou morrer, conta em livro envolvente, toda a historia desse triangulo amoroso, argumentando a cerca dos motivos que levaram à tragédia. Esses motivos, nos são familiares: possessividade, egoísmo, amor a si mesmo. Euclides da Cunha foi protagonista de um crime passional. Seu perfil, retrata um homem que nunca se preocupou verdadeiramente com a família, mas, que queria manter as aparencias a todo o custo.
Sua trajetória mostra a ausência e a falta de zelo para com a mulher e os filhos. Euclides passava meses fora de casa, sem mandar notícias. No regresso, tratava os seus com grosserias e maus tratos. Tudo isso, serviu para que Anna, sua esposa, cada vez mais se desapegasse do marido e abrisse seu coração para o jovem Dilermando de Assis, que conhecera no Rio de Janeiro em 1906 e que a tratava com doçura e carinho. Nem a diferença de idade foi capaz de impossibilitar o amor e a paixão que nasceu entre os dois.
A narrativa, além de detalhada (envolve os acontecimentos históricos e o perfil psicológico dos envolvidos), trás conceitos do direito e propõe uma importante reflexão sobre os crimes passionais e a legítima defesa.
Em suma, é uma leitura muito interessante e agradável que retrata um fato que chocou a opinião pública no Brasil, mas que ainda hoje é muito discutido por diversos profissionais, que refletem sobre os motivos que levam uma pessoa a matar (ou morrer) por amor. Que amor?

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